O Palácio de Cristal ou O Conto da Carochinha do Pré Sal

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, mais uma vez desinforma ao invés de informar.

Tanto no caso dos aviões franceses em que no dia 8 de setembro o negócio estava fechado, e que no dia seguinte estava desfeito, tudo isso com direito a desmentido pelo Ministro Nelson Jobin, quanto no caso do Pré Sal em que muitos do Governo falam e poucos dizem coisa com coisa.

O caso não é assim tão simples e nem tão bonito quanto parece.

O que o nosso Executivo Mor pretende é usar uma coisa não compreendida pela esmagadora maioria da população como alavanca eleitoral para impor, goela abaixo do povo, sua candidata Dilma Rousseff.

E segue dando lições de moral, como se moral tivesse, afirmando, no dia 6 de setembro "O Brasil não sairá como os novos ricos, esbanjando os recursos que poderão ser gerados pela possível imensa riqueza petrolífera descoberta no pré-sal”. Veja-se que ele disse e eu repito “POSSIVEL IMENSA RIQUEZA”. Assim dito, parece que os estudos sobre a extração, refino, transporte e comercialização do pré petróleo do pré sal estão pré avançados. Não é isso. A verdade é que essa possibilidade de existir imensa quantidade de óleo na camada abaixo dos seis ou sete quilômetros de sal, precisamente a sua exploração não passa de hipótese.

Sim, há estudiosos do assunto que afirmam existir tal possibilidade, mas até o momento ninguém – eu disse ninguém, nenhuma pessoa – sabe ao certo. Trata-se de uma aposta.

Não que não devamos apostar, não é isso. A possibilidade é imensa, dizem, e quem não arrisca, não petisca.

A questão que sobressai é a presença do Estado, que já é forte, e que se pretende ainda mais forte.

Será que precisamos de um Estado (que é adstrito à regra da estrita legalidade, e que por isso mesmo precisa licitar até a compra de papel higiênico) detentor da maioria das ações dessa nova empresa?

Se pensarmos bem, teremos os funcionários públicos – que têm estabilidade no emprego e salários garantidos por nós mesmos – cuidando desse petróleo.

Tem outra questão incomodativa: a da distribuição da “possível imensa riqueza” entre os entes federados.

Os Estados e Municípios mais pobres, e que não participam da geração da riqueza, ganhariam fatia maior do bolo (que ainda está sendo preparado, e o forno ainda nem está aceso), enquanto os que participassem diretamente teriam, consequentemente, menor participação. É assim que funciona teoricamente, mas na prática, quantos dólares “cuecais” ainda teríamos com a União assim mais forte? Quantos atos impublicáveis (leia-se secretos) ainda teríamos que engolir? Quantos processos seriam arquivados, quantas CPIs da Petrobras seriam enterradas?

O próprio Lula confessou seus temores naquele fatídico dia 6, véspera das comemorações da independência. Disse o nosso Capitão: "Não vamos repetir os erros de outros países, porque sabemos que a riqueza do petróleo é uma faca de dois gumes", e completou (ou locupletou-se?) "Este 7 de setembro será o dia de uma nova independência e seu nome é o pré-sal".

Toda vez que Lula fala, volta a defender o marco regulador que propôs o que reforçaria a presença do Estado na indústria petrolífera.

A oposição em franca minoria protesta.

Pela teoria Lulista "o Brasil não pode ser um mero exportador de petróleo" mas um pólo petroquímico mundial, para dar valor agregado ao petróleo e exportar derivados, "que valem muito mais". Palavra da Salvação!!!

As confusões do Governo esbarram nos escalões menores. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em sintonia com os maneirismos lingüísticos do timoneiro da Nação disse: “o petróleo existente na camada do pré-sal, em águas ultraprofundas, não é uma vaca leiteira na geração de recursos financeiros”.

Como todos os faladores de plantão, o executivo da estatal fala em “enormes potenciais de exploração do óleo com baixo risco”. Segundo ele, a estimativa é de que apenas em três dos campos do pré-sal – Tupi, Iara e Parque das Baleias – a produção seja de algo entre 9,5 e 14 bilhões de barris. Volume que, segundo ele, representa o dobro das reservas brasileiras em produção atualmente.

Não podemos torcer pelo pior, mas não devemos nos perder no ufanismo contagioso do governo que viveu das ilusões que imprimiu no povo, sobretudo nos menos afortunados (leia-se fome zero, arauto da honestidade, bastião da moral e da ética e outros quetais).

Apesar disso tudo, a popularidade do nosso Almirante caiu quatro pontinhos. Nada que o preocupe demais, enquanto conseguir manter o efeito teflon dos últimos nove anos.

Resta saber se ele conseguirá a proeza de carrear votos para sua fiel escudeira.

Almir Ramos da Silva
Enviado por Almir Ramos da Silva em 15/09/2009
Reeditado em 14/10/2009
Código do texto: T1811253
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