O que é isto, a fenomenologia?

Segundo o dicionário,

"FENOMENOLOGIA

No sentido geral, estudo descritivo de um conjunto de fenômenos.

Em filosofia moderna, movimento filosófico inaugurado por Husserl para fundamentar a filosofia como ciência rigorosa, capaz de dar base, por sua vez, às próprias ciências em suas condutas específicas. Trata-se de voltar 'às próprias coisas' a fim de captar suas essências ao final da edução eidética [a epoché, que é a suspensão de juízos sobre as coisas para se partir do zero em termos de entendimento sobre elas]. A epoché capta completamente o eu transcendental [eu transcendental pode ser considerado como aquele não imiscuído na experiência concreta com os objetos investigáveis].

A fenomenologia influenciou vários autores (Sartre, Merleau-Ponty, Levinas...) na elaboração de seu própria sistema, mas apenas descrever o que é possível ver, seguindo um certo método: essa dispersão da fenomenologia em filósofos diferentes pode portanto ser considerara como uma traição de seu fundador.

BIBLIOGRAFIA: J.-F. LYOTARD, La phénoménologie (PUF)" (DUROZOI, G. & ROUSSEL, A. 'Dicionário de filosofia'. 5. ed. Trad. M. Appenzeller. Campinas: Papitus, 1993, p. 187-188).

Para Rodolfo Petrelli*, "A Fenomenologia é" ... "uma ciência descritiva do objeto (realidade) considerado, em 'si-mesmo', na sua essência. É uma ciência descritiva da realidade, de seus objetos e fatos, como significativos de algo que abstrai e transcende a pura materialidade significante. E, sendo uma ciência dos objetos e dos fatos da realidade, de como estes se apresentam à consciência de quem os experienciam, é, então, a ciência de uma realidade significante 'para mim', 'para nós' ou 'para eles'."

Desse modo, ainda segundo Petrelli, "Husserl propõe uma fenomenologia como ciência eidética ou ciência das essências universais e, por isso, recupera, na sua proposta, tanto o idealismo platônico antigo, quanto o idealismo moderno de Hegel. Heidegger propõe uma fenomenologia como ciência das essências singulares, preocupando-se com a função individualizante do conhecimento".

Conforme informa Petrelli, "O termo fenomenologia foi usado, pela primeira vez, por Lambert (1764), filósofo enciclopedista francês, entendendo por Fenomenologia como o estudo das fontes do erro ou das aparências ilusórias" e "Kant usa o termo fenomenologia na sua teoria sobre o movimento, indicando as modalidades aparentes deste", ao passo que "Hegel dá um sentido mais platônico ao termo fenomenologia, propondo-a como ciência que estuda as vicissitudes do Espírito. Idéia universal absoluta, que vem se desvelando e se concretizando nas aparências sensíveis das coisas, dos fatos e das 'consciências'. Para Hegel, a Fenomenologia se identifica com a história da própria consciência do indivíduo, no seu saber histórico e na sua própria realização individual e existencial".

Por fim, segundo Petrelli, "Hamilton (1860) atribuiu ao termo fenomenologia um significado psicológico, como pura descrição da aparência psíquica" e "Nicolae Hartmann associou a fenomenologia à consciência moral, dando ao termo o significado de conjunto de dados empíricos da consciência moral precedente às especulações teóricas. A sua era uma fenomenologia dos valores" (PETRELLI, R. 'Fenomenologia: teoria, método e prática'. Goiânia: Editora da UCG, 2004, p. 17-18).

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* Rodolfo Petrelli possui graduação em História e Filosofia pela Universitá Pontíficia Salesiana Roma (1963), graduação em Teologia pela Universitá Pontíficia Salesiana Roma (1967), graduação em Psicologia pela Universitá Pontíficia Salesiana Roma (1971), especialização em Terapia Della Psco Motricitá pela Università degli studi di Roma Tre (1979), mestrado em Psicologia pela Universitá Pontíficia Salesiana Roma (1973) e doutorado em Psicologia pela Universitá Pontíficia Salesiana Roma (1989). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e funcionário do Associação Goiana de Psicodiagnóstico Rorschach. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Social, atuando, principalmente, nos seguintes temas: Psicologia Comparata, Psicologia Diagnóstica, Psicologia della Percezione, Psicodiagnostico Rorchoch.