FESTEJANDO O FOLCLORE

Como se nós não tivéssemos história própria, no dia 31 de outubro, comemoramos o dia das bruxas. Originária dos antigos povos da Grã-Bretanha e Irlanda esta festa ultrapassa seu continente e se torna tradição entre nós.

Mas porque precisamos de uma tradição de povos distantes, se temos uma rica história no nosso folclore? Este ano de copa do mundo, onde o patriotismo está tão exacerbado, vamos todos nos unirmos e comemorar o dia do folclore com a mesma pompa que o faríamos para o dia das bruxas!

O folclore é o conjunto de nossas tradições, conhecimentos, crenças populares, que se manifestam através da música, das artes plásticas, artesanato, danças regionais, crendices, cantigas e brincadeiras de roda infantil, na literatura oral, desafios, comidas típicas de festas regionais.

No dia 22 de agosto, dia oficial do folclore, que tal uma festa na sua comunidade, ou até mesmo na escola?

Para as fantasias, podemos nos inspirar no Saci, nas roupas de festas regionais, nos nossos índios.

As decorações podem conter toda uma gama de objetos e símbolos, variando de amuletos, carrancas, cestarias e figuras das lendas mais conhecidas como o Boitatá, saci, curupira, mula sem cabeça, iara.

Os comes e bebes podem ser trabalhados de acordo com a tradição da região. Uma festa com um bom churrasco gaúcho é sim símbolo do nosso folclore. Ou uma mesa com doces regionais, ou aproveitando a idéia das festas juninas, fazer uma festiva mesa, trabalhada com a mesma motivação.

As brincadeiras podem ser feitas em torno de uma fogueira, onde cada um contaria um “causo”, uma moda de viola, desafios de provérbios, dança das fitas, chimarrita, chula, etc. Que tal um concurso de trava língua?

O importante nessa comemoração é trazer a criança às nossas origens. Fazer com que elas conheçam este “continente” que é o nosso país e a diversidade de usos e costumes que encontramos nele.

Ao reunir as pessoas da comunidade em eventos desse porte, estamos não só unindo forças nessa comunidade, através do convívio e conhecimento, mas principalmente trazendo a criança para o nosso lado, nosso convívio, tirando-as da rua, objetivando seu crescimento, fazendo-as ter amor ao chão que pisam e que darão o seu sustento amanhã.

Qual de nós não lembra das histórias que nossos avós contavam? Qual criança não se encanta, ainda hoje com o Sitio do Pica-Pau Amarelo e as lendas que mostram? Não vou entrar no mérito da globalização das histórias, que os amantes do Monteiro Lobato tanto discordam e combatem, mas que continuam encantando o público infantil.

E não podemos esquecer que como tudo na vida, os primeiros passos sempre serão tímidos. Começaremos com um núcleo pequeno de pessoas, até mesmo na escola, incentivados pelos professores, mas quem sabe se possa chegar num futuro próximo a ter em nossa comunidade esta festa como ponto turístico? Sem ter medo da idéia utópica hoje, de ter essa festa levada ao mundo todo, assim como chegou a nós, a festa das bruxas!

ALGUMAS LENDAS

Boitatá – Monstro quase só de enormes olhos de fogo: de dia não enxerga nada, à noite tudo vê. Inspirado no fogo-fátuo, fenômeno natural produzido pelos gases inflamáveis que emanam dos pântanos, sepulturas dos cemitérios e carcaças de grandes animais mortos, o boitatá sempre sai do buraco e percorre os campos onde há animais em decomposição.

Jurupari – (que nos vem à cama, é a tradução do termo tupi) é o espírito do mal que se diverte em agarrar quem dorme pela garganta, até sufocá-los, causando-lhes pesadelos horrorosos. Ele nada mais é que o sono e o pesadelo que temos vestido de um personagem.

Curupira – Protetor dos animais e plantas das florestas, é um índio peludo, com os pés virados para trás. Ele anda montado num veado e tem como acompanhante sua mulher Caiçara, uma cabocla anã e seu cão Papamel. Ele se disfarça em caça para iludir o caçador para que este se embrenhe na mata até se perder e morra de fome, ou transforma os filhos dos caçadores em caça, para que sejam mortos pelos próprios pais.

Saci – Moleque negro de uma só perna usa uma carapuça vermelha e um pito de barro. Espírito brincalhão diverte-se praticando pequenas e inofensivas artes: atormenta os animais, azeda o leite, apaga o fogo, queima a comida no fogo, enfim as pequenas diabruras são sempre atribuídas a ele. Mas o que ele mais gosta de fazer é promover rodamoinhos. Ao ver um rodamoinho, num dia de vento forte, com folhas secas voando, e um assobio agudo, com certeza haverá um saci dentro dele.

Mula-sem-cabeça – Ente sobrenatural, forte, bravio que solta fogo pelas ventas. Tem o poder de transtornar a razão de todos que a vêem. Para se desencantar é preciso alguém corajoso que lhe arranque o cabresto ou pique-a com um alfinete para que sangre.

Iara – Rainha das águas, tão linda que enfeitiça os homens entoando canções mágicas. Ao ouvirem são atraídos para a morte nas profundezas de rios, lago ou mar. É a famosa sereia.

Boto – O ser masculino para a lenda da Iara, que aparece nas noites de luar, à beira dos rios ou lagos e que atrai pela musica de seu bandolim, as donzelas enfeitiçando-as. E quando, pela manhã sente alguém furioso a defender a donzela, ele atira-se na água assumindo a aparência de um boto. É assim que as caboclas explicam uma gravidez inesperada.

Caipora – Duende peludo, representado de diversas formas, de acordo com a região. A lenda diz que a pessoa que olhar para o Caipora será infeliz para sempre, pois será cercado pelo azar e má sorte, que é o caiporismo.

As histórias são muitas e cada um pode criar a sua, em torno desses personagens folclóricos. Então, mãos à obra...

E quem quiser que conte outra!