MUITO ANTES DO PRÉ-SAL

A descoberta do Pré-sal, a maior e mais expressiva reserva petrolífera do Brasil, contagiou a todos com otimismo e boas expectativas para a nação futura. Mesmo que não saibamos de fato quando os benefícios desembocarão em nossa economia, objetiva e concretamente falando, vivemos, profeticamente, a certeza de que dias melhores virão.

A visão destes fatos leva-nos a lembranças, anos atrás, pensando nos eventos importantes que envolveram a geração com a qual me identifico em idade.

Nasci no Brasil ainda debaixo da síndrome do legado da ditadura. O medo e a cautela do indivíduo em relação aqueles que estavam no poder, no caso os militares, implicavam no ocultar das opiniões e reais impressões da conjuntura política e social ou na rebeldia como atitude de desagravo. Logo percebi que a “tranqüilidade” que imperava se dava na base da força. Uma espécie de “PAX ROMANA”, da qual sabem tanto os historiadores.

O mesmo legado se manifestava na família brasileira, na qual a distancia relacional, os traços dialogais intra-familiares, se baseavam na aparência e na superficialidade das relações, assim se perfilando entre pais, filhos e cônjuges.

Religiosamente o país se dizia católico, flertava com o espiritismo e menosprezava aqueles aos quais chamavam protestantes, mais pejorativamente do que conceitualmente. Crentes apedrejados não poucos, desmoralizados e expostos ao ridículo outros mais.

Cresci em um país endividado, ouvindo sempre a respeito de um certo FMI que insistia em fazer parte dos noticiários nacionais, mesmo que fosse um elemento estranho à nação. Para os gestores militares de então eram os parceiros do desenvolvimento nacional, para os anos que viriam “gafanhotos” predadores das possibilidades de crescimento.

Devíamos, devíamos muito, e outros fizeram a dívida por nós. Herdamos etapas inflacionárias de magnitude impressionante. Desembocamos no grito pelas diretas já, um clamor social inesquecível. Tudo isto desfilava diante dos nossos olhos sem que pudesse compreender a plenitude do que estava ocorrendo, apenas absorvendo os efeitos sociais em plena juventude.

Os anos 80 foram importantíssimos na nação, marcados pelos movimentos sociais, pelas greves com certo requinte de violência, como a acontecida em Belo Horizonte, pelos pedreiros. Nestes anos o perfil religioso do brasileiro também se alteraria, mostrando a face desta mudança de maneira mais expressiva no impressionante crescimento evangélico.

O Brasil que muda, experimenta mudanças de opção religiosa e também muda de atitude com relação ao conhecimento pessoal da Palavra de Deus. Lê a Palavra, abre-se ao conhecimento, se interessa em aplicação pessoal e interpessoal verdadeira. Escolhas tornam-se valorizadas e possíveis. A corrupção existe, mas é denunciada. A reflexão sobre o “ ser “ antes do ter emerge entre os interesses verdadeiros daqueles que procuram valorizar a ética.

Há coisas e pessoas que não mudam porque simplesmente escolhem caminhos equivocados e tortuosos para a implementação de suas expectativas de felicidade. Há famílias que se fragmentam, pessoas auto-destrutivas em suas escolhas e comportamentos, gente que se comporta violentamente, seja no trânsito ou nos relacionamentos, líderes religiosos com desvio de conduta; indivíduos que praticam o roubo por desespero de causa ou por pura leviandade, desatinos como a pedofilia e os serial-kilers manchando a história social da nação.

Mas ainda assim o Brasil muda. Muda porque há mais pessoas orando, há mais pessoas buscando a honestidade e a integridade, há mais pessoas insistindo na conversão de si mesmas e da nação aos princípios da Palavra de Deus, há mais pessoas querendo mudanças que começam em si mesmas.

O Brasil está mudando porque o Senhor Jesus está mudando o Brasil, uma revolução aparentemente silenciosa mas verdadeiramente irreversível.

Sim, nós entendemos que temos grandes possibilidades, mas entendemos também que estas possibilidades dadas ao Brasil são o produto de uma geração que ora, trabalha e profetiza que o Brasil será outro, e de fato “já é”.

A observação destas mudanças possibilita-nos compreender o significado do texto bíblico: “Feliz a nação cujo Deus é o Senhor”. E, sobretudo, discernir se é o que está ocorrendo conosco, no nosso Brasil.