Seleção brasileira: derrota na hora certa

Foi um jogo ruim de assistir. Também pudera, jogar na altitude de 3.600 metros é um crime.

A Fifa sabe disso e uma hora dessas vai precisar criar coragem para proibir que os jogadores profissionais coloquem em risco a saúde e a própria vida.

O maior temor dos médicos é o edema cerebral causado pelo acúmulo de líquido no cérebro. Um especialista já me disse que em poucas horas a doença pode evoluir para um quadro fatal. Quanto maior for a altitude, maior é o risco.

Nunca ouvi falar, por exemplo, de qualquer outro esporte sendo disputado nessas condições. Não em nível internacional.

Mas perder para a Bolívia foi bom para o Brasil. A nossa última derrota havia sido no dia 15 de junho do ano passado (0x2 Paraguai). Desde então, foram 15 vitórias e quatro empates. Além disso, o time de Dunga acumulava 11 vitórias consecutivas.

A menos de um ano da Copa do Mundo da África do Sul, essa invencibilidade seria prejudicial. Seria uma pressão a mais, algo desnecessário para uma equipe que sempre entrará como favorita em qualquer competição.

A CBF ameaçou levar um time sub-23 para a Bolívia, a fim de diminuir a importância da partida. Talvez nem fosse uma má idéia.

Um time de garotos, descompromissados, poderia chegar, por exemplo, com 10 dias de antecedência em La Paz e ganhar um mínimo de adaptação. Os bolivianos - na vice-lanterna das Eliminatórias - são fracos demais. Qualquer time, com um mínimo de oxigenio nos pulmões, passa por cima deles.

Mas não é hora de lamentar. O Brasil classificou-se com três rodadas de antecedência e promete uma festa na quarta-feira, contra a Venezuela, em Campo Grande.

E se você é supersticioso, pode começar a comemorar: toda vez que o perdemos para a Bolívia nas Eliminatórias ganhamos a Copa do Mundo.

Foi assim em 1994 e em 2002.

Vamos ao hexa!

Atuações do Brasil

Júlio César - Aquele gol de falta não pode ser debitado na conta da altitude. Ficou olhando. Foi falta de atitude do goleiro, isto sim - 4

Maicon - Com a braçadeira de capitão, manteve-se sóbrio durante a maior parte do tempo. Mas foi um gigante no gol do Brasil. Arrancou da própria área e chegou a tempo para fazer um cruzamento primoroso para Nilmar - 7

Luizão - É inaceitável para um zagueiro de quase 2 metros deixar um atacante cabecear sozinho na marca do pênalti - 6

Miranda - Tem muita qualidade e deve estar garantido no grupo da Copa, mas não para ser titular - 6

André Santos - Definitivamente, a lateral-esquerda é uma vaga aberta no time de Dunga - 5

Josué - Volante de marcação o Brasil tem de sobras. Josué é aquele jogador que não acrescenta nada. Ou quase nada - 5

Daniel Alves - O único que parecia jogar no nível do mar. Será um sacrilégio deixá-lo fora do time, seja no meio ou na lateral - 9

Ramires - Muita correria, muita disposição, mas Dunga espera muito mais dele - 6

Diego Souza - A responsabilidade de substituir kaká e a altitude acabaram com ele - 3

Adriano - Poucos sentiram tanto a falta de oxigênio - 5

Elano - Quando entra, cumpre seu papel - 6

Alex - Pelo menos foi melhor que Diego Souza - 6

Nilmar - Vai se firmando no grupo com gols - 7

Diego Tardelli - Foi melhor que Adriano - 6

Dunga - Continua com o saldo médio. Não perdeu um milímetro do seu prestígio junto a torcida - 7

Marcondes Brito
Enviado por Marcondes Brito em 11/10/2009
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