CURIOSIDADES OLÍMPICAS

Na Antiguidade grega, Olimpíada era o espaço de quatro anos, que corria entre dois jogos olímpicos, que, com grande solenidade e concurso de toda a Grécia, se dedicavam a Zeus (Júpiter) Olímpio, perto de Piza e Elide, para eterna memória do Senhor da história. Havia outros jogos públicos entre os gregos com os quais se assinalavam os anos, como os jogos Nemeos, Pitios e Ístmicos. Mas os jogos mais célebres eram os Olímpicos, que se costumavam celebrar no início do verão, de quatro em quatro anos.

Em cada Olimpíada, acabados os julgamentos, dadas as sentenças, e declarados os vencedores, logo os sacerdotes registravam o nome destes heróis nos livros públicos, nos quais também se registravam os sucessos mais notáveis sucedidos nos anos da Olimpíada. Guardavam-se depois estes livros no templo de Júpiter Olímpio em Elide, sob o cuidado dos sacerdotes. Durante mais de mil anos se guardaram estes livros.

A primeira Olimpíada foi realizada por Ífito em 776 antes de Cristo, portanto 23 anos antes da fundação de Roma. Considera-se que antes das Olimpíadas não há registros cronológicos exatos na história da Grécia. Por isto, um dos primeiros historiadores, Censorino, dividiu a história do mundo em três épocas. A primeira teria se estendido desde a criação do mundo até a catástrofe do dilúvio. Denominou este período de Adilon, que significa, em língua grega, incerto e desconhecido; a segunda época teria se estendido do dilúvio até a primeira Olimpíada, e foi denominada de Míticon, isto é, fabulosa; a terceira época teria iniciado com a primeira olimpíada, estendendo-se por todo o futuro. Este terceiro período foi denominado de Historicon, o que significa “certo”, pois desde então todos os acontecimentos significativos eram registrados nos anais públicos, guardados nos templos. Desta forma, podemos considerar a memória das Olimpíadas como fundamental para o conhecimento da civilização ocidental. Inclusive, revelando as nobres aspirações da humanidade por uma paz entre os povos. Pois, no período das Olimpíadas os povos ou etnias participantes deveriam depor as armas e competir pacificamente. Um ideal pedagógico que se deveria prolongar também depois do término das competições. Segundo este ideal olímpico, os mais dignos merecedores de homenagens entre os homens já não deveriam ser os heróis guerreiros, por terem morto e vencido os seus inimigos, mas os vencedores olímpicos, que por disciplina, saúde e competição haviam conquistado o lugar mais alto no pódio, donde saíam coroados, não pelo ouro roubado aos povos derrotados, mas com ramos de louros, produzidos pela natureza. É claro, nem os gregos, nem qualquer outro povo até os nossos dias realizou este ideal olímpico de uma paz universal. Mas a esperança permanece. E ao ideal pacífico as Olimpíadas modernas se agregaram outros valores, como os direitos humanos da liberdade, da tolerância, da solidariedade, da dignidade humana em todos os sentidos, do respeito étnico, racial, filosófico, cultural e religioso. No Ocidente, pouco conhecemos dos um bilhão e duzentos milhões de chineses, de outros tantos indianos e árabes. Através do turismo olímpico, dos relatos da mídia, espera-se que cheguemos a conhecer mais da cultura e do modo de vida de tantos outros povos. Já não basta que vistamos e usemos os produtos industriais de outros povos que se encontram em nossos mercados, é necessário conhecer também a riqueza cultural de outros tantos povos. O que nos relatam fontes ocidentais, muitas vezes unilaterais e preconceituosas, nem sempre corresponde à verdade. Será que, realmente, as condições dos outros povos são de semi-escravidão, de miséria, de atraso? Será que, de fato, os direitos humanos em outras bandas em nada são respeitados? Se assim fosse , as últimas Olimpíadas não deveriam ter acontecido na China, nem em parte nenhuma pois isto contradiria o ideal olímpico de todos os tempos. Esperemos que o ideal olímpico continue contagiando a humanidade, e depois de cada Olimpíada o ser humano seja mais respeitado, conforme a dignidade que é inerente à sua natureza. É isto que esperamos também para o Brasil, depois de 2016.