A tolerância...

A Tolerância...

A tolerância é uma virtude e quase sempre nos traz o gostinho do recomeço, já que a intransigência é um vício e quase sempre nos deixa o gosto amargo do arrependimento.

O lado bom da tolerância é nos permitir a reflexão sobre o fato, nos permitir a análise mais detalhada da situação, ser tolerante não representa ser conivente, aceitar a tudo sem questionamentos, a tolerância nos dá tempo para que possamos decidir o que fazer ou a melhor forma de fazer.

A tolerância de que falo é uma tolerância velada, íntima, de cada ser humano, o que nos leva a pensar é até que ponto pode se explorar a tolerância de alguém, até que ponto é possível ser tolerante com os erros alheios ou em que nível de aceitação colocamos o nosso próprio contexto, as nossas próprias verdades. Jamais podemos confundir tolerância com aceitação, não é possível aceitar determinadas situações, determinados erros ou atitudes, mas a tolerância pode em alguns casos evitar que se tomem decisões precipitadas, pré-julgamentos desnecessários. Todos têm o direito de errar e de serem tolerados em seus erros, mas isso não nos dá o direito de continuarmos errando seguidamente, isso já passa a ser um ato condenável e não mais passível de tolerância por parte de quem nos assiste.

Por falar em erros, estou convicto de que determinadas situações mais graves, estejam fora desse contexto de tolerância, pois a tornaria quase que cruel. Não há como ser tolerante com atos inescrupulosos, nem com atos criminosos bárbaros, com a discriminação latente, com a loucura da guerra ou com a humilhação da tortura, isso seria quase que egoísmo, indiferença, inconseqüência. Tolerar, acima de tudo é ponderar, é levar em consideração fatos e contextos, é tentar extrair do erro algo que possa ser encarado de forma positiva, construtiva, relevante.

Por ser dessa natureza, a tolerância é limitada a capacidade de cada ser humano de rever seus conceitos, de mudar sua opinião, de dar oportunidade de reconstrução de fatos ocorridos, de aceitar a mudança de comportamento de seus pares, de conjugar o verbo perdoar em diferentes tempos, já que para uns apenas um erro pode representar muito e para outros, muitos erros podem representar quase nada.

Mesmo assim tendo a tolerância varias facetas, vários pontos de questionamento, defendo a tese do lado bom de se cultivar a tolerância, de se distinguir os atos em diferentes níveis de aceitação, mas acima de tudo de aliar a tolerância a outra poderosa virtude de aproximação das pessoas, a virtude de saber perdoar.

Adilson R. Peppes.

Adilson R Peppes
Enviado por Adilson R Peppes em 28/10/2009
Reeditado em 29/09/2020
Código do texto: T1892188
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