Brasil não quer campeões dopados

É de um realismo desconcertante a frase de Maurren Maggi no Estadão de hoje: “Estamos no Século 21. Se você usar qualquer substância proibida, com certeza vão te pegar!”

Este tema não sai do noticiário esportivo desde que estourou o maior escândalo de doping do atletismo brasileiro, com a punição de sete atletas pela CBAt.

Recentemente foi o caso de Daiane dos Santos, agora acusada por Leda Ferri Nascimento, técnica de ginástica artística do Grêmio Náutico União - clube que a revelou - que teria recomendado à atleta o uso de diurético para perder peso em 1999, próximo aos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg.

E já que o Brasil ganhou o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2016 e que há a necessidade de se formar uma equipe de campeões para brigar por medalhas, é preciso estabelecer limites para o desenvolvimento dos nossos atletas.

Nunca é demais lembrar a história do esporte de elite na RDA (a extinta Alemanha Oriental) e o inacreditável drama dos seus competidores olímpicos. Mais de 15 mil atletas foram vítimas de um programa de doping forçado. Sob a denominação “substâncias de suporte”, médicos e treinadores deram anabólicos e estimulantes para jovens atletas, na maioria das vezes sem que estes soubessem, declarando-os falsamente como vitaminas.

Consequência trágica dessa aventura: esterilidade e impotência; cirrose, insuficiência cardíaca e câncer; meninas que receberam tanta injeção de testosterona que se tornaram mulheres altamente masculinizadas; mulheres que não puderam ter filhos porque sua região pélvica correspondia à de uma garota de 11 anos.

É importante formar campeões olímpicos? Claro que sim. Mais é preferível usar meios lícitos de preparação. Aliás, muito mais importante do que formar campeões olímpicos é formar uma juventude sadia.

E isto se faz com educação física na escola. Mas primeiramente é preciso ter boas escolas. E isto o Brasil dificilmente terá até o fim do século.