A Teoria dos Jogos













Li na Revista Veja/44 deste ano (Páginas Amarelas) a entrevista com Robert Aumann, Prêmio Nobel de Economia /2005. O assunto era sobre a Teoria dos Jogos, da qual já tinha ouvido falar, mas não sabia nada a respeito. Fiquei completamente envolvida com a entrevista a ponto de lê-la inteirinha, coisa que não faço com os textos enfadonhos.

Foi com seus estudos sobre essa Teoria que ele ganhou o Nobel. E eu que pensava que o assunto era árido me vi frente a um tema fascinante. Segundo o autor da entrevista, Diogo Schelp, as teses de Ulmann ajudam a compreender os princípios que regem os conflitos e como se consegue fazer que adversários colaborem um com o outro. Esses princípios podem ser aplicados não só na  Economia  mas também em outras situações da vida.

Ele explica a tal teoria de forma bem simplesinha para nós mortais, ignorantes mas não burros. A Teoria dos Jogos é uma Ciência que examina situações em que existem lados e pode ser aplicada tanto a indivíduos quanto a entidades. Os lados não precisam necessariamente ser opostos. Cita exemplos de  jogos que todos nós conhecemos, como os de cartas, tabuleiro e até esportivos. Nestes jogos, cada participante tem meta própria, mas só um pode  atingi-la: a Vitória. Os participantes não podem jogar pensando só no próprio jogo, ele tem que pensar no jogo do outro também. Cita também o exemplo da compra de um bem, como uma casa ou um automóvel, ou uma empresa, qualquer coisa. Os objetivos são diferentes em torno do mesmo objeto: um quer vender e o outro quer comprar, mas ao mesmo tempo ambos querem que o negócio se realize. Assim o vendedor quer alcançar o preço mais alto e o comprador o mais baixo. Para que o negócio se realize é preciso que se observem mutuamente e pensem sob o ponto de vista do outro. E isso pode valer também para a Guerra.

Não cabe a mim aqui transcrever ou resumir a Entrevista, mas sim refletir sobre o que me interessou. Mas para que fique claro tenho que trazer para este artigo o que se fixou em minha memória e pode até se transformar em conhecimento, porque conhecimento é o que se interioriza em nós de tal forma que passamos a agir sobre a influência dele.

Aumann diz que não existe uma fórmula matemática exata, o que seria uma maravilha porque bastaria então decorá-la e aplicá-la mesmo sem compreendê-la muito bem. Só que isso não seria conhecimento porque teríamos que consultá-la sempre para nos certificar que não a tínhamos esquecido. Ele diz, porém que existem conceitos fundamentais, como por exemplo, a noção de equilíbrio. E o mais interessante é que essa noção foi inventada por um desequilibrado: John Nash. Para quem não se lembra de Nash ele é o cientista cuja vida resultou no fascinante filme, Uma mente brilhante. Dizem que de Gênio e Louco todos nós temos um pouco, mas Nash tinha cem por cento desses dois sintomas. Pois foi esse brilhante cientista, ainda vivo e atuante, após passar a sua crise de loucura, quem inventou a noção do ponto de equilíbrio. Esse ponto acontece quando cada jogador encontra o seu jeito ideal de agir e cria as suas estratégias sempre levando em conta o jogo do outro. A Teoria de Ulmann vai além da Teoria de Nash, porque ela leva em consideração a repetitividade de cada jogo porque a maneira como as pessoas se comportam nos jogos repetitivos é diferente. E aqui vem a minha teoria, eu que não sou louca nem me chamo Eugênia – nada se repete realmente, apenas parece se repetir, mas para o bom observador sempre há uma diferença. E é essa diferença que tem de ser observada para que o jogo possa continuar porque é ela que afeta toda a situação provocando mudanças de atitudes. Se no ponto de equilíbrio cada um faz o que é melhor para si próprio, na Teoria dos Jogos é preciso ver o processo inteiro, como se fosse um único jogo e assim se torna mais fácil convencer as partes a colaborarem entre si, através do uso de estratégias. Um precisa dar ao outro motivos para que abra a mão de alguma coisa a seu favor. Chama a isso de incentivos.

Depois de ler toda a entrevista, que explica bem a teoria, embora por alto, fiquei pensando que ela poderia ser aplicada também nas relações interpessoais. Pais e Filhos. Patrões e Empregados. Marido e Mulher.

Ele aborda de forma até bem engraçada que não se pode fazer muitas concessões. Aquele que abaixa a cabeça e cede sempre para, por exemplo, manter um casamento (isso é meu) não vai conseguir acabar com as crises. Existe uma hora em que é preciso ser claro: se você fizer isso eu não vou aceitar. E o outro lado vai então compreender que o seu oponente estava falando sério (Portanto nada de ameaças vãs; ameaçou tem que cumprir). Para o cientista os tais incentivos são de dois tipos: a cenoura e o porrete.  E as concessões quando feitas precisam de contrapartida.

Vejo aqui a necessidade que tenho de mudar certo tipo de meu próprio comportamento em minhas relações pessoais e profissionais porque eu sou sempre muito boazinha e isso tem ocasionado alguns comportamentos que me desagradam. Vou tentar absorver pelo menos essas premissas mais simples da Teoria dos Jogos para melhorar a minha qualidade de vida: não vou deixar de ser compreensiva porque isso faz parte do que eu sou, mas quando eu der um dedo e o outro vier exigir a mão inteira vou dar é uma porretada.