Tô pagaaando!

Sofro de impaciência crônica quando o assunto é horário. Já perdi a conta de eventos que a que paguei e não assisti. Tudo porque o bendito começou duas horas depois do horário divulgado. Talvez eu precise de tratamento ou talvez os organizadores de shows e espetáculos pudessem ter mais sensibilidade com os impacientes, que chegam no horário combinado e ficam horas e horas esperando que os atrasados cheguem e as cortinas se abram. E já reparou como sempre tem alguém para dizer algo do tipo: “relaxe, você está estressado quando deveria estar se divertindo!” Concordo. Eu devia estar contente e não preocupada com horários, coisa normal no dia-a-dia. Por que, então, não colaboram comigo começando logo o evento a que paguei para assistir?

A reclamação não vale somente para eventos pagos. O fato de ser gratuito não deve desmerecer o público que chegou na hora marcada. É compromisso dos dois lados: público e artista. O pior é que as pessoas estão se acostumando tanto com atrasos que vão desconsiderando cada vez mais este item primordial nas relações: a pontualidade. Chegar atrasado numa entrevista de emprego é inadmissível. Nas provas importantes como vestibular, por exemplo, nem 1 minuto de atraso é tolerável. Isso sem contar as cerimônias sociais e religiosas. Não sei quem disse que chegar atrasado é chique. E tem noiva que abusa do direito chegando mais de horas atrasada como se nada tivesse acontecido. E você lá, com vontade de matar a infeliz.

Tem situações que não dá para levantar e ir embora. Quando se está a trabalho, cobrindo um evento, por exemplo, o jeito é usar todas as técnicas de relaxamento possíveis e tentar se controlar. Mas, se o momento é de lazer já fiz este trato comigo: a tolerância é de, no máximo, 20 minutos. Isso porque, se saí de casa para me divertir, não posso me aborrecer com quem não tem compromisso com horário. O artista trabalha para a formação de plateia e, por isso, deve se atentar mais aos detalhes da organização, que envolve desde a produção à apresentação. As pessoas querem ter a certeza de que irão assistir ao evento dentro do combinado, ao que se refere a preço, local adequado, segurança e, também, pontualidade. É um serviço como outro qualquer.

Se é paranóia de balzaquiana, não sei. Mas há muita gente deixando de aparecer em determinados eventos sociais e culturais por causa disso. Portanto, é um caso a pensar. Salvo os motivos de “força maior” que nos levam a cometer a gafe do atraso, não se justifica delongar cerimônias porque o tal convidado ainda não chegou ou porque ainda não há público o suficiente para o artista subir ao palco. Quem está lá no sol, na chuva, em pé ou sentado quer que o show comece. Só ficam na boa, curtindo a demora, os que ainda não têm noção de respeito pelo seu tempo e seu dinheiro. Os demais, a grande maioria, fica mesmo olhando para o relógio se perguntando por que não está em casa curtindo um filminho a dois, de preferência...

Cláudia Sabadini
Enviado por Cláudia Sabadini em 17/11/2009
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