Não perca a sua fé

O Criador é Um; quer como Ser que dá a vida, que dá o sopro da vida na criação das coisas, ele é o princípio básico de todas as coisas e seres, visíveis e invisíveis.

Sendo assim, a caminhada até Ele é inclusiva e não segmentaria. Qual seria o nome de Criador? Ele é o inominável. Ele apenas é. Na tentativa do homem de boa vontade de estabelecer contato com o Pai, foi chamado por muitos nomes, Barnasa, Leutias, Bucella, Agla, Tetragrammaton, Adonai, Deus, Ely, Eloy, Ela, Sabaoth, Javé, Davi, Alá, Olodumaré, Tupã, mas o fato de um povo nomear o Ser Incriado, que é o Criador não o faz ser dono dele, com exclusividade, até mesmo que tudo que existe e todos os povos pertencem ao direito do Criador e não Ele que pertence de direito a um povo com exclusivadade.

Assim, como o Criador é pai de todos os seres na suas mais variadas formas, entre os homens, apareceram alguns acreditados como iluminados – escolhidos por Deus, que foram homens que de uma maneira particular conseguiram sensibilizar o coração humano no sentido do caminho do amor e da paz, cujas lições, muitas vezes, formaram religiões, que não deixam de ser uma tentativa de estabelecer uma caminhada do homem comum ao encontro da natureza divina.

Deus vem se revelando, desde o início dos tempos, gradativamente, ao homem, de acordo com sua capacidade de entendimento, de sua busca de crescimento como ser e do seu desenvolvimento no estar no mundo. Cada povo, entretanto, tem interpretado Deus de forma diferente, o que originou as religiões, que têm sua importância reconhecida, pois além de servir de elo entre a criatura e o Criador, também se destacam, ao longo dos tempos como um grande elemento disciplinador de normas sociais para seus seguidores, ajudando na conscientização da necessidade do bem comum, precedendo e influenciando as leis civis.

O ser humano sempre teve o impulso de estabelecer no campo do seu pensamento os significados da vida. A vontade de saber e entender sempre foi-lhe inerente. Mithra, Krishna, Cristhos, Buddha, Zarathustra, Ahura Mazda, Zoroastro, Noé, Moisés, Salomão, Jesus Cristo, Maomé, Oxalá e de vários outros assustaram o mundo diante da sua força, que pela natureza incomum, só pode ser acreditada a Deus, ligados ou não a uma religião específica. Muitos seres humanos notáveis nos têm feito refletir acerca dos rumos da humanidade e da necessidade de uma reflexão espiritual e/ou social, pelos ensinamentos que deixaram. Atos e palavras, principalmente, atos - perpetuaram suas existências. Pode-se citar alguns desses admiráveis seres humanos, cujos atos e palavras fazem parte do corpus de estudos e conhecimentos a que tive acesso, pelo fato de terem sido capazes de impulsionarem outras pessoas a quererem ser pessoas melhores e talvez, até mesmo, a eu escrever este livro, pois eles fazem pensar na diferença que faz se você fizer a sua parte. São eles, pelas suas opções religiosas:

1- Os religiosos: Mahatma Ghandi – Hinduísmo; Siddharta Gautama – Budismo; Dalai Lama – Budismo; Madre Teresa de Calcutá – Catolicismo (Romano); Irmã Dulce – Catolicismo (Romano); Papa João Paulo II – Catolicismo (Romano); Leonardo Boff – Teologia da Libertação - Catolicismo; Herbert de Souza, o Betinho – Sociólogo e Teólogo – Teologia da Libertação - Catolicismo; Tomás de Aquino – Filósofo e Teólogo Catolicismo (Romano); John White – Psiquiatra, Filósofo e Teólogo – Catolismo (Carismático); Arcebispo Desmond Tutu – Catolicismo (Anglicano); Pastor Martin Luther King – Protestantismo (Batista); Francisco Cândido Xavier – Espiritismo kardecista; Paiva Neto – Cristianismo Ecumênico; Mãe Stella de Oxossi – Candomblé;

2- De outros segmentos (alguns, podendo ser ateus ou pseudo-ateus): Galilei Galilei – Cientista; Isaac Newton – Cientista; Albert Einsten – Cientista; Louis Pasteur – Cientista; Alexander Fleming – Cientista; Sigmond Freud – Psicanalista; Carl Jung – Psicologia; Santos Dumont – Inventor; Thomas Edison – Inventor; Johannes Guttemberg – Inventor; Paulo Freire – Educador.

Todos eles foram marcantes não só para mim, para a humanidade. Não vou me ater aos seus feitos, pois são notórios, mas se você não tem ciência deles, aconselha-se a leitura. Quer melhor oração que uma boa ação? Quer maior manifestação de Deus num ser humano que um ato de bondade para com seu próximo ou, de forma mais extensa, com a humanidade como um todo? Ainda que uma pessoa não acredite em Deus, se ela foi boa, por essência ou num determinado momento, essa pessoa foi instrumento de Deus e Ele se manifestou nela.

Pode-se citar entre as religiões mais antigas que continuam em prática até hoje, com um número significativo de seguidores no Brasil, as que nasceram nos continentes que primeiro concentraram população numerosa: o Bramanismo (da Ásia) - que originou o Hinduísmo e o Budismo; o Judaísmo (que nasceu no nordeste da África) em cujo seio nasceu o Cristianismo (que se fundamentou na Europa, primeiro, como Catolicismo e, depois, também, como Protestantismo) que, por sua vez influenciou o surgimento do Islamismo (África, gerando um conflito contínuo entre árabes e judeus), bem como do surgimento do Espiritismo Kardecista (também na Europa); e o Candomblé (do noroeste e sudoeste da África) de onde se originou a Umbanda (América do Sul), sob a influência do Cristianismo e do Espiritismo. Embora, com pouca representação no Brasil, vale a menção ao Zoroastrismo, uma vez que Zoroastro foi o primeiro a dizer que o Criador é Um e ter um culto monoteísta, precedendo e influenciando o Judaísmo e outras práticas monoteístas, como a dos Essênios.

Tanto o Judaísmo, quanto o Bramanismo e o Candomblé iniciaram o repasse de conhecimentos e sua prática na oralidade durante séculos e séculos. A escrita posterior dos dois primeiros serviu para o registro e o repensar, o que levou a perpetuação de sua cultura e permitiu seu estudo, questionamento e revisão, de onde surgiram os desdobramentos, fez o conhecimento se aprimorar e influenciou todas as normas sociais vigentes, em todas as épocas e regiões do planeta, como elemento transformador por excelência. A fase escrita do Candomblé, aberta à leitura do público geral, começou apenas no século XX, o que pode explicar, de certa forma, porque demorou para atingir o reconhecimento do status social de religião, fora do seu corpo de adeptos e sua pouca difusão, comparada às demais.

Assim, podemos dizer que os homens de boa vontade são os que se pautam pelo Amor, gerador do respeito pelo outro e da bondade que se manifesta na solidariedade, não importa de onde venham, eles fazem parte do povo de Deus, que caminha segundo seu princípio maior, o apostolado do Amor ao próximo, ao lugar em que vive, ao Criador. Daí, também vem o nome da igreja Católica, uma das maiores, que significa universal, ou seja, de todos os povos, de todos os lugares, apostólica, já que seus escolhidos mais diretos chamaram-se apóstolos.

Acontece que a bandeira do Amor e da fé em Deus não é uma característica de uma igreja só, portanto, há que se considerar que ainda que pertencentes a outras nominações religiosas, todos os que caminham dentro destes princípios básicos, estão dentro da igreja de Deus, uma vez que ela reside no Amor que habita coração do homem de boa-vontade.

É muito triste ver homens perderem a fé por atos de falsos representantes que desmerecem a religião a que pertencem. Então, é comum vermos atualmente, falsos rabinos, padres, pastores, monges, pais ou mães de santo, que, agindo de forma particularmente vil, corrompem a fé daqueles que neles acreditam. É preciso não perder a fé no caminho do Amor e na sua religião, somente porque alguns indivíduos de má fé, nelas entraram a serviço de Satanás ou do lado Negro do Espírito para que o homem perdesse a fé em seu Criador e fosse reduzido a um ser desprezível, digno de pena, pobre de si mesmo e do Criador.

Ana da Cruz. Não perca a sua fé.