A infalibilidade da Mensagem de Deus e a válida tentativa de seu registro e interpretação humanos

A mensagem de Deus é infalível. A Bíblia é o livro mais lido e mais respeitado do mundo, mas é também o mais mal interpretado. Concordo com esta premissa, embora por outros motivos que muitos desconsideram. Bom, é certo que foi feita uma primeira compilação (reunião de livros) que resultou no primeiro livro denominado Bíblia, escrito há 2000 anos atrás, ou seja 9 anos dc (pelo menos, no que diz respeito ao Antigo Testamento).

A Bíblia, tal qual a conhecemos hoje, com o acréscimo do Novo Testamento, pode ser comprovada não apenas pela fé, mas pelos manuscritos descobertos no Mar Morto, que alguns defendem, foram escritos pelos Essênios, povo este que vivia afastado da civilização, no deserto de Qumran, em Israel, em meditação e desenvolvimentos de capacidades espirituais, cultuando apenas um Deus, a que chamavam Ser Supremo. Segundo o livro “O Caminho dos Essênios”, eles não praticavam guerras ou conquistas, sobreviviam de práticas agrícolas e manufaturados e todas as vezes que alguns deles iam a cidade para trocas no sentido de conseguir produtos que lhes faltavam pelos que eles cultivavam, visto eles não usarem moeda, praticavam cura por imposição de mãos.

Recentes descobertas revelam, mas não é fato oficializado por líderes cristãos, que Jesus Cristo, no período de 12 aos 33 anos, que não é mencionado na Bíblia, ficando como um vácuo na sua história, ficou convivendo com este povo. Como ele disse a Maria, “aprendendo as coisas do pai”, pois caso se faça uma interpretação literal do texto bíblico, embora filho de Deus (e com os poderes especiais advindos desse fato), veio homem (portanto, com necessidade de aprendizagem para uso de suas capacidades). O livro “O Caminho dos Essênios” menciona o fato de um jovem de 12 anos ser trazido para a comunidade por um tal José, sem mencionar nome e como se fosse segredo, mas, apesar dos ensinamentos a este serem os mesmos que a outros jovens, este se destacava em tudo, causando assombro aos demais, e surpreendia pela luminosidade e fatos curiosos que, às vezes, o envolviam.

Por motivos políticos, os essênios foram atacados, perseguidos e completamente dizimados, visto não terem tido um julgamento, serem morto a espadas e lanças, sem se defenderem, uma vez que eles não acreditarem na violência e revidar seria se rebaixar ao nível dos agressores. Devida a sua enorme elevação intelectual e espiritual, os essênios achavam a violência uma ação tão primitiva, que ser violento para se defender seria voltar a ser inferior novamente. Enquanto eram assassinados, permaneciam em posição de oração, olhando para o céu. Talvez, sua perseguição e assassinato se devam ao fato de antes de tais documentos serem descobertos, pelo que chegou aos ouvidos dos Reis que Cristo estevem entre eles, e como os chefes do reinado de César não acreditavam em Jesus como um filho de Deus, temerosos que outros homens iguais a ele aparecessem, mataram todos os essênios.

Voltando à Bíblia, é sabido que todos os apóstolos, entre eles, São Pedro, e, inclusive, Maria Madalena escreveram Evangelhos (livros dando testemunhos da boa nova do amor a Deus e ao próximo), portanto, para aqueles que acreditaram ser Jesus o messias, começou-se outra compilação, depois, nominada Novo Testamento, aproximadamente nos anos 90, primeiro século da contagem do nosso calendário que tem como marco de início a passagem de Cristo pela terra, ou seja, aproximadamente em 90 anos dc.

Quando o cristianismo foi legalizado pelo Imperador Constantino no século III, o que também foi uma obra de Deus, pois, embora houvesse a questão política, já era impossível não aceitar a força de uma corrente que se propagava tanto, que se opor a mesma já se tornaria temerário para um líder popular, apesar de toda repressão e perseguição que os cristãos sofreram até então..

O fato foi que Constantino mandou que as diferentes correntes do cristianismo fizessem uma escritura de livros comum, que resultou na Bíblia atual, unindo o Antigo Testamento e o Novo Testamento. Por meio de um concílio, os bispos decidiram que o cânon seria de 76 livros. Este concílio não teve unanimidade. Então surge, durante esta época, a consideração dos apócrifos: livros que não constaram na formação da Bíblia (e o Apocalípse seria um deles, pois os delegados do Bispo de Roma foram contra a sua inclusão no cânon bíblico e, somente no Concílio de Cartago de 397 d.c, é que o livro do Apocalipse foi colocado no cânon bíblico). Daí, a não inclusão de todos os Evangelhos na Bíblia, sendo o mais famoso dos livros apócrifos (ou não-canônicos) e o mais comentado, o Evangelho de São Judas Tadeu. Bom, a consideração, acredito, deveu-se a um certo bom senso, no sentido de não colocar literatura excessiva de difícil interpretação para a época, que poderia provocar polêmica, ao invés de avivar a fé do cristão, uma vez que os apócritos apresentam textos extremamente complexos, o que poderia levar trechos de seus textos, junto a compilação bíblica, apresentarem incoerência em relação a maioria dos textos que a compoem, conforme ainda está, atualmente.

Apesar disso, os livros canônicos que compoem a Bíblia atual, também tem sua linguagem figurada, uma vez que os livros primários que a formaram foram escritos numa época em que a formação lingüistica não era suficiente para uma expressão literal dos fatos. Um exemplo clássico disso, no Novo Testamento, foi a reposta dada por Cristo à pergunta: Quantas vezes eu devo perdoar o meu próximo? Setenta vezes sete. Seriam 490 vezes? Lógico que não. Naquela época, como não haviam ainda muitos substantivos, a linguagem era muito simbólica e setenta era símbolo do universo e sete da eternidade, portanto a interpretação correta da resposta de Cristo é você deve perdoar o seu próximo em todo tempo e em toda a parte. Além deste fato, há as traduções (a primeira Bíblia Católica, em português, por exemplo, foi impressa em 1748).

Na tradução bíblica, há o erro sobre o Camelho, que deveria ser kamelo, que vem de Kámilos, que significa cabo ou corda que ancora os barcos (são grossos). E na verdade, além dos erros de tradução da Bíblia, ela é toda escrita em metáforas. O engraçado é que, neste caso, apesar do erro de tradução, o sentido da metáfora não mudou. (A partir da contribuição do escritor e amigo Afonso José Santana). Outra incoerência nesta mesma parábola é a questão do humilde (pessoa simples, que não se acha mais nem menos que ninguém, mas que reconhece a grandeza de Deus diante do homem) e orgulhoso (aquele que se acha totalmente melhor que o outro, não tendo a humildade de reconhecer a sua humanidade falha e incompleta como a de todos os demais, repletos de qualidades e defeitos diferenciados, necessitados de aprendizagem constante, podendo até superar o outro em alguma característica, mas não como pessoa humana), traduzidos como pobre e rico (interpretação errôneamente financeira). A tradução correta do provérbio: É mais facil um Camelo passar por uma agulha que um rico entrar no Céu. É mais facil um Kamelo passar por uma agulha que um orgulhoso entrar no Céu. Vale mencionar aqui que o Pecado Capital do orgulho, já causou a divisão do mundo espiritual, com anjos sendo punidos/banidos. Motivo era questionar Deus e se medirem entre si, fazendo-se julgamento de valor superior, na tentativa de humilhar ou desmerecer o seu próximo.

Então, neste artigo, a consideração dos erros humanos em cima do texto bíblico, não se devem a mensagem de Deus, que consideramos aqui, inquestionável, mas dos possíveis erros de registro e interpretação humanos, durante a transmissão desta mensagem para a linguagem escrita e outros possíveis erros quanto às suas traduções e interpretações. Achamos ainda mais temerária a postura de muitas pessoas que pensam em livre interpretação, sem nenhum estudo aprofundado do texto bíblico, tendo por literal, os seus trechos totalmente figurados para que houvesse entendimento (muitas vezes, instigados por líderes religiosos de postura duvidosa), pois, não há dúvida de que um estudo mais aprofundado, permitiria uma interpretação mais aproximada da verdade de Deus. Uma interpretação errada pode levar o homem a seguir contra a palavra de Deus, pensando que a está seguindo.

Ana da Cruz. A infalibilidade da Mensagem de Deus e a válida tentativa de seu registro e interpretação humanos.