LIBERTEM OS PÁSSAROS

Que egoísmo é esse que impulsiona alguém a prender um pássaro apenas para ouvir o seu canto?

Que tipo de ser humano é esse que impede o prazer de outros para que ele sozinho possa ouvir o canto de seu pássaro?

Que espécie de sadismo é esse que dá prazer por meio do sofrimento de um indefeso passarinho cativo?

Meus ouvidos se recusam a ouvir o triste cantar de uma ave presa.  Que mal esse ser indefeso fez para ser confinado em uma gaiola?

Por que tantas vezes agimos de maneira tão irracional?

Que insensibilidade é essa que impede os ouvidos de interpretar cada canto do pássaro como um grito de socorro?

Não aprisionem os pássaros. Reparem! Eles têm asas para voar, para ganhar os céus, não para ficar se debatendo em grades.

Eles, os pássaros, são um símbolo de liberdade. Como então aprisionar a personificação dessa sonhada liberdade?

Agucem os ouvidos. Os pássaros presos não cantam, entoam apenas um triste lamento tão comum àqueles que perderam o que há de tão sagrado: a liberdade.

Libertem os pássaros.  Também eu um dia fui insensível a esses belos seres. Também eu aprisionei esses donos dos céus. Quando me libertei do egoísmo sem medida, abri as celas dos meus cativos e acompanhei com alegria oceânica o voo feliz de cada pássaro.

Perdoem-me, queridos, por tê-los aprisionado um dia.  Quando os libertei, também eu me senti um pouco livre de minha cela emocional, de minha cegueira descomunal.

Libertem os pássaros.

Texto escrito em 1º de dezembro de 2009.  
Iara Mesquita