CALAR A BOCA

A maioria dos pais desejam que seus filhos sejam felizes. Que cresçam com

saúde. Que sejam amados, inteligentes, que conquistem louros na escola, na

profissão, na vida.

Apesar disso, nem sempre conseguem seu intento.

Por mais que desejem, por mais que se empenhem, por vezes um dos seus

filhos, quando não todos eles, detestam a escola.

Alguns têm problemas de relacionamento, ou não desejam trabalhar, ou, ainda,

se envolvem com drogas, crimes, etc.

Muitas vezes nos questionamos: por quê?

Não teremos nos empenhado o suficiente? Onde teremos falhado?

Não devemos esperar que nossos filhos sejam perfeitos, desde que a perfeição

não é deste planeta onde vivemos.

Temos que nos preocupar em transformar nosso filho em um homem de bem, bom o

bastante para viver no mundo e servir ao mundo.

Com tal disposição, é importante que repensemos a nossa função educativa,

como pais.

Dentro do lar, às vezes agimos de forma a invalidar as teorias, ou seja,

desmentimos na ação o que aconselhamos aos filhos.

Uma das frases mais ditas, possivelmente, para as nossas crianças, é o

famoso "cala a boca!"

Normalmente, a frase cai como um raio sobre um pirralhinho que já repetiu a

mesma questão, pelas nossas contas, mais ou menos umas dez vezes.

De verdade, será talvez a quinta. Nossa impaciência é que multiplica de

forma equivocada.

Consideremos que a criança é repetitiva mesmo. Faz parte do seu

desenvolvimento infantil a repetição para fixar conceitos e frases que ela

vai aprendendo.

Freqüentemente, é preciso explicar dezenas de vezes a mesma coisa para que

ela entenda.

E aquela bateria de: "por que, hein?" Leva muitos pais à exaustão.

Mas se a criança está repetindo, se ela está perguntando outra vez, é porque

sente a necessidade de uma compreensão que lhe seja satisfatória.

Por isso, não tem jeito. É preciso se munir de paciência, responder, e

responder.

Mesmo porque, caso contrário, os pais podem criar um filho que tem medo de

falar, medo de se exprimir, medo de ser repreendido.

Uma criança com esse tipo de insegurança poderá ter dificuldades na escola,

pois não entenderá o que foi explicado, mas jamais perguntará.

Nas questões afetivas também terá problemas. Não falará o que pensa, por

medo ou insegurança.

Perguntar faz parte do aprendizado. Pensemos bem: não é verdade que a nossa

impaciência estoura sobre o pequeno, não porque estejamos cansados de

responder os porquês, mas porque não sabemos respondê-los?

Afinal, quem de nós vai saber explicar para o pequenino porque a lua é

redonda? Porque a formiguinha anda em fila indiana? Porque ele deve colocar

a jaqueta que detesta só porque nós estamos com frio?

Calma deve ser a nossa tônica todos os dias. Dar as explicações necessárias,

sem nos alongar muito, nem complicar a resposta.

E lembremos de uma coisa: pessoas educadas não mandam as outras calarem a

boca. Demos o exemplo para os nossos filhos.

Nota do autor: adaptação de texto com o mesmo título, com transcrição parcial, constante do site www.momento.com.br

Orson
Enviado por Orson em 18/07/2006
Código do texto: T196541