“Perdão, Meu Deus! Eles não sabem o que fazem”

Em março de 1757, Damiens é condenado à pena de morte. Após dias sem comer, nu, a pé é levado até a porta principal da Igreja de Paris para pedir perdão publicamente. É açoitado até sangrar. Com chumbo derretido, o carrasco queima-lhe as costas e partes íntimas. Finalmente, amarrado com cordas, quatro cavalos à tração são utilizados para desmembrar braços e pernas do infeliz. Mas, inesperadamente, os cavalos empacam e não conseguem esquartejá-lo. Embora tivesse sido um grande praguejador, neste momento, nenhuma blasfêmia escapou dos lábios dele; apenas gritos horríveis de dor, e muitas vezes repetia: “Meus Deus, tende piedade de mim; Jesus, socorrei-me”. Os espectadores que esperavam mais uma “cena de punição”, sentem-se comovidos. O comissário de polícia pede que logo lhe cortem os membros com facão de aço. Depois, só com a cabeça ligada ao tronco, Damiens, surpreendentemente ainda vivo, consegue levantar a cabeça para o público e gritar: “Perdão, Meu Deus! Perdão, Senhor”. Arrancam-lhe, então, a cabeça atirando as carnes à fogueira. Suas cinzas são lançadas ao vento.

Ao longo do tempo, mesmo os homens sabendo da triste crucificação de Jesus, não deixaram de torturar ou de tirar a vida dos ditos criminosos da lei. Imoralmente, prostitutas e homossexuais foram apedrejados até a morte; escravos negros foram açoitados em pelourinho; outros postos à forca; prisioneiros de guerra ou de ditaduras fuzilados no paredão.

A história não nos permite esquecer das barbáries sangrentas como prova da falta de razão e amor sobre o espírito humano. E hipocrisia à parte, hoje, países que se dizem conhecer os direitos humanos como Estados Unidos, a justiça avançou em não mais maltratar fisicamente seus condenados; porém, contraditoriamente optando por injeções de tranqüilizantes para matá-los.

Veja, morte por morte é uma loucura só! E, apesar da mudança dos métodos punitivos frente ao sofrimento do corpo, os homens ainda continuam a julgar seus semelhantes, mesmo estes sendo inocentes, e a ceifar algo que só pertence a Deus: a VIDA. Assim aqui suplico: que ninguém tire a vida de ninguém!. Que não nos esqueçamos, nunca, do grito de suplício do rabi simples ao morrer na cruz ...

Diego Rocha