Olhos da Alma

Olha bem para mim. Nestas linhas vou descrever um pouco sobre as duas janelinhas da alma que Deus colocou na nossa face: os olhos. Esses pares de cristal que podem ser encontrados nas mais variadas cores da íris: azul, verde, negro, cor-de-mel etc. Revelando-nos o olhar colorido e com encanto movendo a alma ao ver das coisas admiráveis que podemos sentir.

“O olhar conhece sentindo (desejando ou temendo) e sente conhecendo” (Santo Agostinho). Assim sendo, a alma projeta os estados emocionais ou os movimentos da alma. Às vezes, a expressão de um simples olhar é tão poderosa e concentrada que vale por um ato. Sabemos perfeitamente assim, sem que ninguém nos fale, a diferença entre o olhar de ternura do olhar malvado.

Oh! quão bom é quando aqueles que nos amam aparecem com seus bons olhos... Olhos acolhedores de nossos pais, irradiantes de ternura, sempre a nos compreender e enxergar a boa vontade e paz de espírito.

Por outro lado, temos pavor do mau-olhado... Este que seca as plantas e faz adoecer as crianças belas expostas à inveja dos infelizes e inimigos. A inveja (olhos amargos), aquela paixão tão bem definida por Santo Tomás de Aquino como “a tristeza provocada pelo olhar sobre o bem alheio”. Ora, diz-se que a inveja e mau-olhado são a mesma coisa para o mesmo sentimento.

E quando não sabemos se o tal olhar é do bem ou do mal??? Ou quando não sabemos o que é “puro” e o que é “impuro” no interesse, na paixão com que certas pessoas nos fitam? Então, algumas vezes, os olhos se transformam na figura mitológica da esfinge egípcia a nos encarar e, logo em seguida, nos intrigam com ameaça: “decifra-me ou te devoro!...”

Quanto medo temos quando alguém nos olha bem dentro dos olhos e enxerga a alma profundamente... quando consegue sondar a qualidade complexa de sua intencionalidade; de uma alma em olhar profundo. Simples mistério.

Diego Rocha