Uma história do tempo dos bondes

Da primeira vez, em 1938, ele encontrou a casa arrumada; um saldo de 80.000 contos de réis nos cofres municipais. Fez obras para todos lados, preparando São Paulo para o grande fluxo de automóveis que estava por vir. E ao entregar o cargo deixou um montante de 320.000 contos de réis, sem aumentar impostos.

Em 1961, eleito novamente, encontrou as finanças municipais com um déficit de 2 bilhões de cruzeiros. Sua maior obra foi tapar esse rombo. Ao sair deixou um superávit de 500 milhões de cruzeiro ao seu sucessor, o prefeito Faria Lima que realizou muitos projetos encontrados em sua gaveta, como a Av. Ruben Berta, a 23 de Maio e parte da marginal Tiete.

O volume de obras por ele realizadas é espantoso. Mas não só por isso ficou afamado. Alem de grande administrador, era reconhecidamente um sovina por pensar muito antes de gastar o que fosse.

Esse personagem é PRESTES MÁIA. Que nasceu na cidade paulista de Amparo em 19 de março de 1896 e faleceu em 26 de abril de 1965, após o final da sua segunda gestão.

O escritor Monteiro Lobato chegou a elogiar publicamente sua lizura, dizendo que só encontrara honestidade absoluta em dois homens, o escritor e político paraibano José Américo de Almeida e o prefeito Prestes Máia. "Os demais são relativamente honestos, inclusive eu", acrescentou.

Ao terminar seu mandato como prefeito nomeado em 1945, recusou o carro oficial para voltar para casa na Avenida Angélica. Disse ao motorista que era novamente um homem comum. Colocou o chapéu e seguiu para a Praça Patriarca, onde pegou um bonde.

Lenda ou não, é essa a imagem de Prestes Maia registrada na história da cidade.

Fonte:"O HOMEM QUE PENSAVA GRANDE" - Míriam Scavoni

Veja- SÃO PAULO - fevereiro-março 1996