É BOM SER VISTO

Neste final de ano cabe uma reflexão a todos nós. A inclusão digital está cada vez mais capilarizada. A comunicação por rádio fica com a parcela das informações rápidas, ou com o entretenimento daqueles que de dentro dos seus carros preferem ouvir notícias ou músicas pelo rádio.. As informações, reportagens com detalhes, ficam para a televisão. Esta também tem que primar cada vez mais pela qualidade, porque as imagens já estão alcançando os celulares. Os jornais impressos estão sendo engolidos, passo a passo pela rede de Internet que disponibiliza todos os assuntos para quem se dispõe a navegar por ela. A eles cabe a documentação de fatos que ainda mantém a conotação de “permanente” porque a palavra escrita tem esta característica.

Contudo, vemos surgir cada vez mais programas independentes de televisão, onde as emissoras ficam na cômoda posição de alugar seus espaços a terceiros, responsabilizando a estes sobre o conteúdo programático. Estes programas, de forte conotação local, tem abocanhado fatias de telespectadores que se interessam menos pela programação nacional ou pelos “enlatados” que vêm de fora. O forte apelo populista faz com estes programas percam seu nível porque a seleção de informações que veiculam tem a ver com o interesse dos patrocinadores ou dos apresentadores que usam este meio como trampolim político.

Lamentavelmente, a maioria das emissoras usa o critério do leilão do espaço a quem mais paga, em nada se preocupando com a qualidade, a veracidade das informações, o entretenimento sadio, a divulgação da boa cultura. Este tipo de comportamento fez surgir, nas duas últimas décadas, programas que em nada enriquecem a cultura popular. Sobra de bom o acesso ao espaço que muitos por meios tradicionais não conseguiriam. Divulgar seu produto e até mesmo a imagem pessoal pode fazer uma diferença significativa nas vendas do micro empresário.

Muitos apresentadores de televisão usaram este veículo para se catapultarem a cargos que pedem votos populares. Criaram um personagem, que aparece na telinha, e o vendem como herói, capaz de solucionar todos os problemas da população. Na verdade, estes personagens são mais parte do problema que da solução. O resultado disso tudo é bastante visível e palpável. O personagem da telinha volta a ser o ser humano limitado no cargo quem conseguiu. Isso não é nada bom.

Uma decisão do Supremo suprimiu o diploma de jornalista à condição de papel de jornal velho, sem criar responsabilidade para os meios de comunicação que servem de elevador para pessoas inescrupulosas.

Nem tudo são espinhos nesse jardim. Há programas independentes muito sérios, cuja equipe está preocupada com a informação, com a divulgação da cidade e do estado e que, embora lidando com dificuldades financeiras conseguem brindar os telespectadores com programas inteligentes.

Contamos, na cidade de Manaus, com programas que se mantém por décadas. Outros surgem e se solidificam. Assistimos o aniversário de três anos do Programa Fink Por Dentro que é uma mesclagem de informação, merchandising e divulgação da Amazônia nos seus mais diversos segmentos. Também incursiona pela gastronomia, pela saúde, entrevistando profissionais de diversas áreas, de uma maneira decontraída, como deveria ser todo o entretenimento.

Como dissemos acima: há bons e maus exemplos. É possível conquistar espaço mesmo nesse emaranhado de opções que o cidadão tem. Não precisamos imitar o Todo Poderoso (personagem do livro de Irwing Wallace) que para consolidar seu império de informações criava notícias e às trazia em primeira mão. Entre essas notícias, havia a sabotagem, feita por ele mesmo, de aviões que despencavam com as autoridades ocupantes, apenas para gerar notícias em seus veículos de comunicação.

Contudo, o que se pode constatar nessa primeira décado do terceiro milênio, é que o leque de opções para obter informações está cada vez mais acessível, permitindo ao cidadão decidir entre o bom e o menos bom. O telespectador também é responsável.

Luiz Lauschner – Escritor e empresário

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 25/12/2009
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