CLUBES DESPERDIÇAM JOVENS TALENTOS

Para muitos, o garoto Oscar, de 18 anos, é um diamante bruto que precisa ser lapidado. Mas essa “joia rara” pode escapar do controle do São Paulo porque algum espertalhão deu um jeito de convencer o jogador a buscar oportunidades fora do Morumbi, onde ele vem sendo pouco e mal aproveitado. Essa disputa vai se arrastar nos Tribunais e suscita uma discussão mais profunda.

É consenso entre os cartolas do futebol que todo clube precisa investir nas categorias de base. Isso é mais que um fato, é uma realidade. Entretanto, boa parte do investimento em jovens jogadores acaba não dando retorno por falta de oportunidade para aqueles que conseguem chegar ao time principal.

A solução talvez seja a parceria, ou a filial, como alguns clubes já vêm fazendo. De passagem por Brasília na semana passada, fiquei sabendo que o Vasco pode montar uma filial na capital do País, emprestando jogadores ao Dom Pedro, que está disposto a mudar de nome e de uniforme para disputar a 1a Divisão do DF. Brasília que já tem uma filial do Botafogo. É lá que o falastrão atacante Túlio está buscando a marca dos mil gols.

Na Europa, clubes importantes e milionários como o Barcelona, além do “Barcelona B”, usam os mais diversos parceiros para dar experiência não apenas aos seus jovens atletas, mas também para “azeitar” algumas arriscadas apostas. Foram os casos do zagueiro Henrique e do atacante Keirrison, ambos do Palmeiras, que foram comprados mas nunca vestiram a camisa do Barça. Um dia, talvez. Quem sabe?

Suponho que os clubes paulistas precisam investir mais nessas parcerias regionais, como o Palmeiras já teve com o Juventude, na época da Parmalat. Elas são importantes também para difundir a paixão pelas suas cores. Não à toa, a maior parte da população de Brasília torce apenas pelos times cariocas.

Lembro de uma parceria do São Paulo, no final da década de 70, com o Botafogo da Paraíba. Havia um conselheiro tricolor chamado José Flávio Pinheiro Lima que montou uma fábrica de adesivos em João Pessoa. Ele aceitou o desafio de assumir a presidência de um clube cheio de dívidas, mas impôs algumas condições. A primeira delas foi transformar o Botafogo em “tricolor”. Até hoje o distintivo na camisa do Bota-PB se diferencia do Bota-RJ pela estrela vermelha.

Naquela época, o São Paulo mandou um monte de jovens jogadores para jogar na Paraíba. Gente que não teria condições de ser aproveitada no time principal, pelo menos naquele momento. Recordo que dois deles (os meias Peres e Roberto Viana) voltaram e ajudaram o São Paulo a conquistar o seu primeiro título brasileiro, em 1977.

Agora, com a ameaça de perder o talentoso e promissor Oscar, é possível que o clube repense a sua estratégia para um melhor aproveitamento dos atletas das divisões de base.

Marcondes Brito
Enviado por Marcondes Brito em 26/12/2009
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