NINGUÉM MAIS TEM VERGONHA?

Na história de nossa evolução, sempre discutida, existimos como espécie a 120 mil anos, nossa linguagem tem 60.000 anos e começamos a plantar datam 12 mil anos.

Quando começou a hipocrisia? Quando foi maior? A hipocrisia é irmã da falta de vergonha.

O que é ter vergonha? É ter auto-crítica, se recolher diante da própria exposição ao ridículo, um sentimento de censura pela indevida postura cometida ou pela afirmação contrafeita ao razoável, ao desejável, ao minimamente aceitável.

Não é mais assim. Perdeu-se a vergonha, e o pior, dela se faz ufania, festeja-se, motiva risos dos desavergonhados.

A internet, a grande arma do futuro para “audiências pessoais”, como ensina um dos grandes cérebros da revolucionária informática, transformadora de hábitos e costumes, é o grande repasto dessas negatividades desavindas, acreditadas no amplo espaço insciente de povos e gentes.

As duas faces da moeda que fazem da humanidade teatro estão de volta com mais força diante do alargamento dos espaços midiáticos.

Não há limites ou medidas, a falta de vergonha comanda os comandados, nas religiões, nos governos, nas atividades em geral e na informação.

A espiritualidade religiosa pede o retorno da moeda formal, sem máscaras ou enfeites, despudorada e desavergonhadamente, com apontamentos de contas bancárias para depósitos, comportamento claramente violador de direitos tutelados, diante da posição de promessas de cura, as mais mirabolantes, surrealistas, fato definido na lei como “curandeirismo”, tipo penal de captação de vontade.

É uma extorsão aos incautos de pouca ou nenhuma informação que vem enriquecendo os fraudadores com o beneplácito dos órgãos competentes autorizadores por omissão de posições que contrariam a ordem pública.

Nos governos, onde a promessa sempre foi ficção e a letra da lei hipótese, que é aquilo que não é, que seria, se fosse, em lógica, continua o desserviço, agora inflado de teologias novas onde Cristo, se vivo, buscaria hipócritas para apoiá-lo, em metáforas popularescas e contraditórias.

Nas atividades em geral, sabem os profissionais, montanhas de erros são trazidas à publicidade como certezas, noticiadas e postas em disponibilidade pelos noticiosos, todos.

Que um profissional competente em sua área, avalie o que se diz erroneamente sobre o que conhece. É um mar de tolices que emprestam a desinformação e rebentam em ondas de descrédito nos que deram um passo a frente.

Rosenthal Calmon Alves, especialista de internáutica e seus fenômenos, uma das maiores autoridades do mundo atual no setor, Professor em Austin, Boston, alertou em recente palestra no Rio que é um cyber-entusiasta, mas não um cyber-utópico.

E por quê? Afirma o cientista, “por poder ser usada ( a internet) para o bem e para o mal”. A velha saga...

Há um espaço ampliado na vergonha diminuida que se propaga com velocidade, mas isso não tira a força do intrumento internet, só mostra cada vez mais o lado negro da vida humana, a falta de vergonha que avança possuindo os limitados e desapossando a pouca educação existente.

E a internet, por sua grande penetração, é o braço forte nessa equação que desfavorece. A internet é uma nova lógica que encerra a era polarizada na troca em um quase escambo, mesmo em objeto e moeda, abrindo a porta da digitalização, esquecido o formalismo das linguas, vazada a comunicação em muitas linguas novas, sendo a pior de todas não a violação do vernáculo, já violentamente espancado, mas aceito em nome da aproximação, mas o linchamento da vergonha.

A única similaridade histórica comparável positivamente à internet teve marco em Gutemberg que encerrou as novas-antigas aristocracias e inaugurou o iluminismo.

Não se perde a prensa, o livro é o ícone da cultura, não morrerá a imagem, bem ao contrário, ela motiva a nova ferramenta, espera-se que seja abortado sim e ao menos, um pouco mais, a mentira e o sofisma, enfim, a falta de vergonha.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 27/12/2009
Reeditado em 27/12/2009
Código do texto: T1998205
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