Uma Velha Atitude Para Um Novo Ano - Paz e Feliz 2010 !

À procura de um amigo

*Foi então que apareceu a raposa.

- Olá, bom dia! - disse a raposa.

- Olá, bom dia! - respondeu delicadamente o principezinho que se voltou mas não viu ninguém.

- Estou aqui - disse a voz - debaixo da macieira.

- Quem és tu? - perguntou o principezinho. - És bem bonita...

- Sou uma raposa - disse a raposa.

(...)

- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho.

- Estou triste...- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Não estou presa...

(...)

- O que é que "estar preso" quer dizer - disse o principezinho?

- É a única coisa que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer que se está ligado a alguém, que se criaram laços com alguém.

- Laços?

- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto, para mim, tu não és senão um rapazinho perfeitamente igual a outros cem mil rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto, para ti, eu não sou senão uma raposa igual a outras cem mil raposas. Mas, se tu me prenderes a ti, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E, para ti, eu também passo a ser única no mundo...

(...)

- Mas a raposa voltou a insistir na sua ideia:

- Tenho uma vida terrivelmente monótona. Eu, caço galinhas e os homens, caçam-me a mim. As galinhas são todas iguais umas às outras e os homens são todos iguais uns aos outros. Por isso, às vezes, aborreço-me um bocado. Mas, se tu me prenderes a ti, a minha vida fica cheia de sol. Fico a conhecer uns passos diferentes de todos os outros passos. Os outros passos fazem-me fugir para debaixo da terra. Os teus hão-de chamar-me para fora da toca, como uma música. E depois, olha! Estás a ver, ali adiante, aqueles campos de trigo? Eu não como pão e, por isso, o trigo não me serve de nada. Os campos de trigo não me fazem lembrar de nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando eu estiver presa a ti, vai ser maravilhoso! Como o trigo é dourado, há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do barulho do vento a bater no trigo...A raposa calou-se e ficou a olhar durante muito tempo para o principezinho.

- Por favor...Prende-me a ti! - acabou finalmente por dizer.

(...)

- E o que é que é preciso fazer? - perguntou o principezinho.

- É preciso ter muita paciência. Primeiro, sentas-te um bocadinho afastado de mim, assim, em cima da relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não me dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas todos os dias te podes sentar um bocadinho mais perto...

O principezinho voltou no dia seguinte.

(...)

Foi assim que o principezinho prendeu a raposa. E quando chegou a hora da despedida:

- Ai! - exclamou a raposa - ai que me vou pôr a chorar...

- A culpa é tua - disse o principezinho.

- Eu bem não queria que te acontecesse mal nenhum, mas tu quiseste que eu te prendesse a mim...

- Pois quis - disse a raposa.

- Mas agora vais-te pôr a chorar! - disse o principezinho.

- Pois vou - disse a raposa.

- Então não ganhaste nada com isso!

- Ai isso é que ganhei! - disse a raposa. Por causa da cor do trigo...

(...)

E então voltou para o pé da raposa e disse:

- Adeus...

- Adeus - disse a raposa. Vou-te contar o tal segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos...

- O essencial é invisível para os olhos - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.

- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.

- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.

- Os homens já se esqueceram desta verdade - disse a raposa. Mas tu não te deves esquecer dela. És responsável por aquilo que cativas para todo o sempre por aquilo que está preso a ti. Tu és responsável pela tua rosa...

(...)

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O Pequeno Príncipe é um livro escrito pelo autor, jornalista e piloto francês Antoine de Saint-Exupéry.

Foi escrito em 1943, um ano antes de sua morte. É sua obra mais conhecida.

O Pequeno Príncipe é um livro inteligente, escrito de forma metafórica com jeito poético e filosófico encantador.

ALGUMAS EDIÇÕES DO PEQUENO PRÍNCIPE

Francês: Le Petit Prince (original)

Português: O Pequeno Príncipe

Inglês: The Little Prince

Espanhol: El Principito

Alemão: Der Kleine Prinz

*(O Principezinho -( Antoine de Saint-Exupéry) - Versão portuguesa.

(O Pequeno Príncipe - (Antoine de Saint-Exupéry) - Versão brasileira.

FELIZ ANO NOVO, COM PAZ E BEM !

Gislaine Becker

http://illustramus.blogspot.com/

Gislaine Becker
Enviado por Gislaine Becker em 28/12/2009
Reeditado em 28/12/2009
Código do texto: T1999299
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