Lila Covas

A Revista Veja (edição 1684, ano 34, de 24/01/01-Editora Abril) publicou na página 130, um belo artigo de Roberto Pompeu de Toledo com o título A personagem do momento. Trata-se de uma referência ao exemplo da Sra. Lila Covas, esposa do Governador Mário Covas. Como se sabe, o Governador encontra-se enfermo e tem se apresentado publicamente em companhia da esposa.

O bem elaborado artigo comenta sobre a importância da mulher na vida humana, destaca a transparência de Mário Covas em não esconder suas próprias dificuldades pessoais e mostra um lado frágil da imprensa (ou do profissional da imprensa) que muitas vezes se deixa levar pela exploração do espetáculo, mesmo que este seja ruim. Ora, qualquer pessoa - seja lá quem for - merece respeito, especialmente se estiver enferma. O articulista comenta o erro de determinados jornais que exploraram os momentos difíceis do Governador, vividos publicamente. Isto denuncia a tendência humana em valorizar o lado ratinho das situações... Não seria melhor enxergar o ser humano, que aliás todos somos, sujeito a quedas naturais de uma vida?

Por outro lado, o que chamou minha atenção foi a referência magnífica ao exemplo da esposa do Governador. Comenta ele: "(...) Mas há algo intrínseco à condição feminina, algo de sua natureza profunda, que as torna por excelência os seres com quem mais se conta, e para os quais mais se volta, quando o que se requer é uma presença ao lado. Por presença ao lado deve-se entender aqui a presença física, mas não apenas. É também o ato de pôr-se disponível, solidarizar-se, entregar-se(...)" . Na conclusão do artigo, citando o fator de equilíbrio entre as destemperanças de um lado e as ignomínias de outro (palavras dele), destaca: "(...) Este fator atende pelo nome de Lila Covas (...). Ela se tem feito presente como jamais. Em geral fica quieta. Só intervém em casos extremos, como na ocasião em que o marido não conseguia articular a fala. Mesmo quieta, porém, e longe, muito longe, de querer chamar a atenção, é uma presença de peso esmagador, nas circunstâncias. Ali não se percebe apenas Lila Covas. Identifica-se, para além dela, a figura arquetípica da mulher ao lado, tão visceralmente amarrada à condição feminina (...)".

Ora, exatamente esta presença feminina na vida humana é que tem dado equilíbrio aos destemperos humanos. Quantos homens desconhecem o verdadeiro tesouro, magnífica pérola com quem vive? Desrespeita-a com a desonestidade, com os maus tratos, com a infidelidade...

Se há uma frase equivocada é aquela que diz que atrás de todo homem existe uma grande mulher!!! Que história mal contada! Ao lado de todo grande homem existe sempre uma grande mulher, isto sim é mais coerente, justo e verdadeiro. A vivência comum entre homens e mulheres, a permuta de experiência no vasto roteiro humano é que valoriza nossa condição.

Orson
Enviado por Orson em 24/07/2006
Código do texto: T200782