PEFE (3)

Programas (des)confiáveis.

Um estudante entre 12 e 15 anos pode até não perceber o quanto seu futuro está correndo perigo em função do sistema que atualmente conduz nossas vidas. Ele pode até mesmo não saber o coletivo de ladrões, apesar de já ter ouvido que algumas quadrilhas armadas de canetas comandam os destinos de nossa pátria (por nossa acomodação). Mas se ele for um internauta com disponibilidade de 4 horas por dia, deve estar devidamente capacitado (por conta própria) a penetrar nos sofisticados sistemas da NASA e do FBI, apesar de todos os programas de proteção existentes em suas instalações.

Perto disto, um grupo de técnicos em informática, mergulhados no teclado durante 60 horas por semana, recebendo excelente remuneração pelos resultados obtidos, sem dúvida alguma conseguirá diversas maneiras para invadir e adulterar resultados de um sistema informatizado de captação e contabilização de votos, cuja barreira de proteção deve ser mais frágil que um barraco de sapê na encosta de um morro sem vegetação.

De acordo com a gratificação oferecida, poderão elaborar programas com diversos níveis de sofisticação. Vamos ilustrar alguns, começando pelo mais barato.

a) Programa pirata a ser acionado incondicionalmente às 8:00 do dia da eleição, em todas as seções eleitorais, desviando um percentual fixo de votos para um nome já definido num cadastro. Este programa corre o risco de ser descoberto por alguns técnicos de bom gabarito sem que haja tempo de esconder a mutreta. Deve ser descartado pelas elites dominantes não por ser simplório, mas por ser o mais barato. Mesmo numa mutretagem, os integrantes de uma quadrilha gostam de se vangloriar por terem contratado o melhor estelionatário do mercado para efetuar o serviço.

b) Programa similar, mas que seria acionado/desligado com a indicação de uma senha por parte do presidente de cada seção, que nem precisaria saber que está colaborando para o adultério eleitoral. Mas servirá como excelente bode expiatório se houver vazamento de indícios que possam incriminar os mentores/patrocinadores do esquema de fraude.

c) Programa a ser acionado/desligado à longa distância por pessoas que estejam à frente do painel secreto que exibirá a marcha da contagem dos votos, com uma opção que permita definir o aumento/redução do percentual a ser desviado para o/a candidato escolhido.

d) O programa mais caro: que tenha todas as "facilidades" acima, mas que possua uma opção de repor os votos honestamente, desde que se observe que as artimanhas pré-eleitorais (debates viciados, denúncias falsas, pesquisas falsas) tenham surtido efeito na cabeça dos eleitores anestesiados. E ainda serão capazes de ceder alguns votos aos perdedores para que a opinião pública acredite que estes é que estavam preparando uma sabotagem no evento cívico. Como uma grande parcela do povo acredita nas manchetes coloridas e em políticos que já desviaram altas fortunas dos cofres públicos sem serem molestados, ainda existe o risco dos candidatos perdedores terem seus direitos políticos cassados por uns oito anos, permitindo que nas eleições de 2010 a elite encomende um programa mais barato para tornar o resultado oficial.

Quanto ao risco de ser solicitada uma conferência dos votos contra comprovantes emitidos por algumas urnas, os abutres já devem ter montado um esquema de guardar tais recibos num dos prédios emprestados pelo TRT (ou alguma outra entidade dona de prédios mais desprotegidos), prontos para pegarem fogo por algum "acidental" curto-circuito em suas obsoletas instalações elétricas, de preferência numa madrugada de domingo, pois se não houver vítimas, o assunto demora mais a sair das páginas dos jornais.

E enquanto a sociedade não desperta da insônia onde está mergulhada desde que a elite facilitou a aquisição dos aparelhos de tv para doutrinar até mesmo os que se dizem "informados", o circo eleitoral que dá legalidade à eternização no poder por parte dos "coronéis" (de fazendas e de cartéis) continuará por longo período, podendo ultrapassar o tempo da novela cujo enredo principal é a "falta" (proposital para servir de moeda de voto) de água e outros recursos nas regiões necessitadas do país. Se não temos artefatos para dar um pulo, só nos resta votar NULO.

Haroldo
Enviado por Haroldo em 25/07/2006
Código do texto: T201719