BRIGA ECOLÓGICA

BRIGA “ECOLÓGICA”

Fala-se tanto na extinção das espécies animais que a conservação dos vegetais passa despercebida. Houve época de transmutação na história do globo terrestre em que a própria natureza encarregou-se de extinguir certos animais, muito grandes para os reais parâmetros da atual conjuntura ambiental. E a mesma natureza recriou espécies substitutivas, colocando cada animal em seu lugar propício, em que ele pudesse evoluir e servir de presa e de predador natural em uma cadeia de criatórios e, ao mesmo tempo, de predadores úteis ao meio onde vivem.

Mas sobre os vegetais não se tem noticiário corrente de que tenham sido extintos. Uma que outra espécie deve ter desaparecido da face do globo terrestre, porém somente estudos botânicos feitos por profissionais aficionados e apaixonados por esse tipo de perdas nos poderão dar ciência disso.

Esta região, além de mata branca pujante (madeira de lei), foi um criatório de pinheiros. Os sexagenários de hoje viram os extensos pinheirais do sul do Brasil. Viram também tombar um a um os enormes troncos para serem serrados e beneficiados e, depois, servirem de engorda às contas bancárias dos menos escrupulosos. Das extensas glebas cobertas com araucárias dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – pátria desse ouro vegetal verde – dessas árvores existem somente pouquíssimos por cento de pé e... certamente, só pinheiros jovens, ainda não maduros para o corte e pouco rentáveis. Sabe-se que o pinheiro leva ais de vinte anos para encorpar e ser apto para a industrialização.

Já tantas vezes se tem falado (da boca para fora) e se vê escrito em jornais e revistas que há necessidade premente de preservar o ecossistema mundial. A população abandona o interior e migra para as cidades. As cidades crescem e se alastram, tomando conta desse interior. Enormes fatias de florestas caem por terra pelas mãos dos predadores naturais – o homem, seu fogo e sua moto-serra. Latifúndios tomam conta dos interiores restantes. É uma bola de neve que, quando menos percebemos, nada mais resta das florestas, que pareciam intermináveis. O ser humano se autodestrói a cada ano que passa, na vanglória de produzir para as quase oito bilhões de bocas que atualmente se abrem e fecham no mundo (muitas delas sem ter o que mastigar).

O homem fatiga sua inteligência com o excesso de preocupações, de ódio político e de mando e de ganância de poder e de dinheiro. Tudo gira em torno do atual. Todo o esforço, toda a briga desse homem tem um objetivo – pensar somente em si. Nem com os seres humanos que dividem com ele sua era e seu espaço, se preocupa. Está mais do que na hora de pensar um pouco no futuro. E esse futuro somos nós mesmos – nossa descendência: nossos filhos e netos.

Voltando aos pinheirais que cobriam toda esta região sul brasileira temos que, deles somente existem vestígios que, por falta de outros troncos mais maduros, vão sendo cortados e transformados em tábuas. Mesmo havendo que, neste momento essa madeira está sendo comercializada a peso de ouro, não podemos esquecer que é o final de uma longa era histórica de uma espécie nobre que está se terminando igual ao mogno - já quase extinto – da Amazônia.

Já de outras vezes escrevi ou reescrevi o que outros já escreveram antes que, se o ser humano foi capaz de destruir, terá que ter a capacidade de reconstruir aquilo que destruiu. Sei por experiência própria que é muito mais difícil convencer a própria cabeça, por interesses políticos e pelos próprios interesses sobre o objetivo a ser alcançado, do que simplesmente chupar a cana e depois jogar de lado o bagaço e esquecer o episódio. Mas, no caso do nosso ecossistema, há de ser feito todo o esforço possível para que o bem necessário para não entravar o progresso, seja usado dentro de uma tecnologia de reconstrução sustentável.

Houve por bem o Senhor Presidente da República tomar algumas medidas a esse respeito. Tudo bem que deverão ser discutidas essas medidas para que diferentes cabeças tragam à luz a real necessidade do momento. Que não sejam os agricultores prejudicados em suas fainas lavouríferas, desapropriando latifúndios improdutivos etc., etc, etc. a obrigação, inclusive, de ser reflorestada com araucárias no meio das outras árvores nas áreas de mato branco ainda existentes. Mas essa discussão não deverá ser tomada, como está sendo usada por facções oposicionistas contra o senhor Lula pessoalmente, como um trunfo para denegrir os feitos por ele alcançados. Isso é um golpe muito baixo pois o Presidente da Republica, seja deste ou daquele partido, passa, mas a natureza. não. Ela se extermina se os políticos não pararem de pensar e de agir em torno do próprio umbigo. Há necessidade premente de fazer cumprir as leis de proteção às florestas, aos rios e às espécies vivas e minerais.

Existe um decreto cujo número não estou lembrado no momento e segundo ele ninguém será prejudicado pois os possíveis lesados serão indenizados pelos seus prejuízos. Nada daquilo aventado em reunião recentemente realizada em Chapecó, de não poder ser cultivada a área limítrofe das reservas e coisas semelhantes é a realidade. Tudo isso são especulações maldosamente eleitoreiras. O decreto da Presidência da República visa somente salvaguardar os poucos pinheiros que AINDA RESTAM NO MUNDO e que estão neste chão sul brasileiro.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 11/01/2010
Código do texto: T2023884
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