COMO EVITAR QUE O RELACIONAMENTO SE TORNE UM CONVÍVIO DESGANTANTE

Por Rocío Gaia, da Efe, na pagina http://br.noticias.yahoo.com/s/17012010/48/manchetes-evitar-relacionamento-se-torne-convivio.html

Ao longo dos meses e anos, os vínculos amorosos sofrem altos e baixos e tropeços naturais que os colocam a toda prova e, frequentemente, os fortalecem. Mas, às vezes, a intensidade ou frequência dos conflitos e desavenças impulsiona o casal a se perguntar se vale a pena seguir em frente.

"No começo tudo era sensacional. Sentíamos que tínhamos nascido um para o outro, que estávamos predestinados a envelhecer juntos. Vivíamos uma história de amor maravilhosa, um conto de fadas. Mas ultimamente alguma coisa não vai bem. Antes sentíamos que estávamos muito unidos, mas agora, às vezes, enormes distâncias nos separam, abismos e silêncios, não sei o que fazer!", se queixa um homem em relação a seu casamento.

Testemunhos como estes, muito frequentes nas consultas dos terapeutas de casal, põem em evidência a encruzilhada em que se encontram alguns casais, que parecem ter entrado em um vale de sombras que os impulsiona a se perguntar: O que é que está acontecendo conosco? Nossa relação realmente funciona e é satisfatória?

Brigas frequentes. Dificuldades sexuais. Rotina e aborrecimento. Relações nocivas. Expectativas diferentes. Conflitos domésticos. Perante essa realidade, o dia a dia de muitos casais costuma oscilar entre o céu e o inferno, entre avanços, retrocessos e contradições, que os confundem e lhes dificultam de ver sua situação e tomar decisões.

É preciso decidir o que fazer e o quanto antes. Mas as coisas não costumam ser muito claras. Quais são os problemas de fundo que nos afetam? A solução é seguir em frente e corrigir o rumo, ou não resta outro remédio do que seguir cada um seu próprio caminho?

"A saída depende de cada situação, uma das táticas mais eficazes para esclarecer e sair do problema é ter em vista as opções disponíveis, analisar cuidadosamente a realidade vivida pelo casal, em vez da que ele gostaria de ter ou a que teve alguma vez", diz a especialista em conflitos e conciliação Carmen Retuerce.

"É preciso comprovar se a relação significa o mesmo para os dois; pode ser que para um equivalha a estabilidade e compreensão, enquanto para o outro seja sinônimo de paixão, aventura, viver o dia", comenta a especialista.

Para ela, se não há interesses ou objetivos que possam ser compartilhados, é preciso perguntar-se se vale a pena continuar juntos. É o caso do "namoro eterno", nos quais a expectativa de um de consolidar a relação se casando ou vivendo juntos choca com a falta de compromisso do outro.

"Por outro lado, questões como os problemas de comunicação, as desavenças sexuais, a falta de estímulos e a rotina enfrentada por todos os casais, costumam ser resolvidas e corrigidas sem necessidade de se chegar à separação", segundo Carmen.

Ela também opina que, às vezes, "é útil se distanciar da situação e manter uma separação temporária para dar um tempo para pensar se se quer ou não continuar com a relação e assim poder ver as coisas com outra perspectiva".

Se após analisar a situação um dos membros do casal constata que está com uma pessoa "nociva", o melhor, segundo a psicoterapeuta, "é abandonar a relação sem maior perda de tempo porque ela será cada vez mais prejudicial".

"Uma pessoa 'nociva' é aquela que quer possuir nosso amor com exclusividade, nos infecta com sua negatividade, nos aflige com sua atitude ou não nos deixa crescer. Não se mostra contente com nossos sucessos, impõe barreiras a nossos esforços para ser feliz ou que, como norma habitual, tenta nos vencer, nos contrariar, nos prejudicar ou nos desanimar", afirma a especialista em conflitos.

Pensando em soluções, buscando saídas

Para decidir se vale a pena continuar com a relação ou convém terminá-la, os psicólogos aconselham fazer-se algumas perguntas: Estou disposto a fazer todo o possível para resolver os conflitos? Se eu puser fim à relação terei possibilidades de estabelecer um novo vínculo sentimental com outra pessoa? A deterioração da relação se deve mais a motivos práticos de convivência que a razões emocionais, como a falta de amor, carinho ou paixão? Os benefícios de continuar com a relação superam seus custos?

"De todo modo, antes de romper, deve-se tentar solucionar os problemas, podendo a relação sair reforçada", diz Carmen.

A maioria dos casais tropeça em problemas parecidos, que se transformam em bolas de neve que achatam a relação se progredirem, mas podem ser solucionados se forem resolvidos no começo, dialogando e trabalhando juntos.

"Perante a falta de comunicação, é preciso aprender a escutar e informar de forma adequada, interessando-se pelo que o outro diz, sem ficar lembrando o passado nem recorrendo a generalizações, sem se queixar nem ler os pensamentos do outro", diz a especialista.

Outro ponto que causa atritos é a divisão das tarefas domésticas. Por isso, segundo Carmen, "é aconselhável que os dois colaborem, analisando primeiro que tarefas de ordem e limpeza cada um gosta e quais detestam, para depois distribuir o trabalho, respeitando a maneira de agir de cada um".

"Também é fundamental dedicar um tempo para cuidar da relação, fomentando alguns interesses compartilhados e outros individuais, e evitando cair sistematicamente na inatividade e no excesso de televisão", diz Carmen.

Quando os conflitos acontecem na cama, a especialista propõe uma ação direta: "é preciso falar claramente sobre as preferências, fantasias e freqüência sexual, sem pudor nem hipocrisia; muitas vezes a falta de desejo acontece por uma falta de conhecimento das necessidades mútuas. Tudo é permitido, sempre que nenhum se veja obrigado a fazer o que não gosta".

Para finalizar, a especialista comenta que "se os problemas de casal se devem à rotina e ao aborrecimento, é preciso saber que depois do estado de graça inicial, ou paixão, que dura de cinco meses a dois anos, costumam surgir a rotina e o tédio. Fazer mutuamente pequenas surpresas e continuar descobrindo as facetas do outro, podem ser bons remédios para a apatia e a inapetência".

Paola Bittencourt
Enviado por Paola Bittencourt em 17/01/2010
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