MERCA "DANTES" E MERCA "DEPOIS"

O senador merca”dantes”, todos sabem, era um político e um economista respeitável e respeitado. Foi o mais votado de toda a história e isso não é pouco. Aguerrido, combativo, um intimorato gladiador contra os “leões do Coliseu”. Rugia contra quaisquer injustiças, e seu bigode “nietzschiano” fremia de indignação contra o que surgia como sendo “contra a sociedade”. Formidável bigode, reconheço. Chegou a ser cogitado para Ministro da Fazenda mas não aceitou, “em respeito aos milhões de votos que recebeu em São Paulo”. Ético esse merca “dantes”.

Vemos agora, catatônicos, o surgimento do merca “depois”. Esse, agora, não se peja de rastejar, balbuciante e submisso, às ordens do “chefe”. Jogou fora as armas de gladiador, retirou a maquiagem e mostrou-se constrangedoramente nu à sociedade, em patético discurso na tribuna do senado. Queimou, com combustível altamente inflamável, sua biografia, seu passado, sua história...e, imagino, seu futuro.

O gladiador transmudou-se para um gatinho castrado, miando fino.

O grande Galileu Galilei, para fugir da fogueira da Inquisição, renegou publicamente a sua defesa do sistema heliocêntrico, por imposição da igreja. Ainda assim, ao sair, ileso, do julgamento, pronunciou entredentes: “Eppur Si Muove” ( Mas ela –a Terra – se move ).

O “senador” merca “depois” não teve sequer esse gesto de irresignação. Ouviu calado o “pito” do chefe e saiu, como um guri borrado, arrastando-se simbolicamente de joelhos, de volta ao senado, para discursar o seu constrangido “mea culpa”.

Voltando ao “bigodudo” Nietzsche, é dele a frase: “"A democracia é a forma histórica de decadência do Estado",

Ao que tudo indica, o merca“depois” assina embaixo, pecado que o merca”dantes” jamais cometeria.

Tenho grande curiosidade, como cidadão e como pai, de saber como os filhos do merca”depois” analisam essa atitude. Imagino que se orgulhassem muito do merca”dantes”.

Lamentável.