Questões Brasileiras (Parte I) - Economia

Em tempos de liberdade vigente, temos de aproveitar o máximo de tempo possível para discutir as coisas do Brasil, sobretudo quando a liberdade não passa de um termo para os desígnios da nação. Muitos se perguntam porque o Brasil, cuja riqueza natural é ímpar entre as nações, pode ser um país social e políticamente atrasado.

Tentarei focar o assunto de uma maneira branda, sem rodeios na medida do possível, para que o cidadão mais desinteressado por política de estado possa pensar a respeito e, quem sabe, buscar seus próprios fundamentos em fontes mais oportunas. Minha função é, por hora, levantar hipóteses para posteriores abstrações. Aqueles que esperam ler nestas linhas uma contundente crítica ao governo Lula ou um discurso recheado de soluções mágicas vanguardistas, pode ficar por aqui. O Brasil já perdeu tempo demais com soluções miraculosas. É hora de pensar o país de hoje como consequência do país de ontem, para que possamos traçar um futuro mais digno para todos os brasileiros, meninos ainda, que crescem alheios a toda a nossa diminuta inspiração.

Falei das riquezas do Brasil. Dizer que o país é rico é chover no molhado. Temos recursos para abastecer todo o território nacional. Ao pensar em auto-suficiência, pensamos no petróleo. Pensamos nas reservas do pré-sal. Nunca, em momento algum, pensamos na forte inclinação que possui o Brasil para o agro-negócio, recorde de exportações. Não pensamos na agropecuária, que é, em suma, suficiente para também nos dar um título de autonomia. Acontece que estes dois ramos possuem uma desvantagem em relação ao petróleo: Não são de autonomia estatal. Logo, não fazem parte da agenda de propagandas do Estado. No entanto, há um outra questão de grande relevância quando se pensa na economia do campo: Não há uma disparidade entre produção e indústria, de maneira que os processos entre a extração e o consumidor final são muito poucos. Sendo a matéria prima, ao mesmo tempo, o produto final. O mesmo não acontece em países de agricultura otimizada, como os Estados Unidos e a França, cujas matérias primas possuem uma valorização muito acentuada pelo forte poder industrial. Os efeitos sociais de uma indústria mais forte voltada para o campo seria, sem dúvida, um verdadeiro e substancial fator de desenvolvimento econômico e social. Além de fomentar a economia interna - verdadeiro parâmetro de estabilidade - geraria um sem número de empregos no campo e na cidade, melhorando a qualidade de vida de muitos brasileiros.

Mas o que impossibilita a indústria agrária no Brasil?

Entre os maiores obstáculos para este desenvolvimento industrial, estão a alta quantidade de impostos e a punitiva legislação que incidem sobre a empresa brasileira. Este obstáculo se torna mais visível quando se toma por parâmetro as micro e pequenas empresas, que não possuem força econômica abundante e, não obstante, são obrigadas a fechar as portas. Estas empresas de menor porte são as que empregam mais e, proporcionalmente, as que pagam mais impostos. Em decorrência destes fatores, a indústria leva considerável desvantagem em relação aos outros modelos micro-empreendedores, tanto de serviços como de comércio. Como incentivo, o governo oferece facilidades no crédito para estas empresas. Não é preciso ir muito longe para notar que tal procedimento, além de ser distorcido, favorece muito mais ao Estado do que ao empreendedor. Começar um negócio com o dinheiro alheio é sempre temeroso. Não à toa, as pequenas empresas são responsáveis por 96% das falências de 2009. Segundo o Sebrae, quase 30% delas não chegam ao primeiro ano de atividade.

Muito ainda se deve dizer sobre a dicotomia entre as riquezas do Brasil e nossas maiores aspirações econômicas. Tentei ser o mais breve e sucinto possível para despertar o interesse de pessoas comuns como eu pelas coisas do Brasil. Creio que pessoas com mais gabarito, especialistas em economia, estão interessados neste diálogo que é, fundamentalmente, uma saída eficaz para a estabilidade econômica nacional. Num segundo momento, deixarei a economia de lado para tratar de questões políticas, se Deus assim me permitir.