JORNALISMO. A ARTE DE BEM MENTIR

"Eu não preciso ler jornais, mentir sozinho eu sou capaz"*

* Raul Seixas

Quando eu penso em jornalismo, invariavelmente, sempre me vêm à cabeça as mesmas palavras:

Mentira, principalmente;

Engodo;

Falsidade;

Engano;

Desproporcionalidade;

Parcialidade;

Hipocrisia;

E a lista poderia continuar indefinidamente, mas não vou cansar os meus caríssimos leitores e leitoras. Eles (as) sabem que para com o jornalismo todo cuidado precisa ser redobrado.

Deve-se usar equipamentos de segurança ao ter contato com essa modalidade podre de divulgação arbitrária da informação.

Fazer jornalismo é mostrar um fato do cotidiano e aumentá-lo, distorcê-lo, editá-lo, edulcorá-lo, torná-lo fantástico, sombrio, mórbido ou belo, confiável, decente, tudo enfim é possível fazer com a “notícia”.

Principalmente quando se possui um mega-aparato tecnológico e de produção como background.

Em suma, tudo pode ser feito em jornalismo, a arbitrariedade e a parcialidade são a regra. Tudo pode; menos ser decente, menos dizer a verdade, menos ser honesto.

O âncora do telejornal, com sua voz grave e tendenciosa, sempre dentro de um belo terno e maquiado (credibilidade), altamente produzido, conclama a população a fazer seu julgamento sobre a notícia.

O que está em jogo? Quem é o mocinho e quem é o bandido? Sob que perspectiva que se julga um fato?

Claro que é o ângulo de visão do CONGLOMERADO que controla a divulgação da notícia. Com seus interesses muito bem, muito bem definidos.

O dualismo, o bem e o mal, estão sempre implícitos nas falas dos jornalistas. Seus juízos de valor são transmitidos não pelas afirmações, mas pela expressão no semblante e pela tonalidade da voz, falando de forma clara, tudo é deliberadamente escamoteado.

O defensor do bem, da moral, dos bons costumes, indigna-se com a “situação” tal qual ele mesmo pintou e aumentou até a estratosfera com suas mãos sujas.

Aquele que brada e clama por justiça, pela paz e pelo bem social é o mesmo que espalha o medo e o sentimento de insegurança generalizada.

O que vai ao ar é por ele arbitrariamente escolhido. O telespectador engole tudo feliz, e, numa salada mista de bobagens e irrelevâncias, gosta e aplaude.

Já me decidi.

Quando eu quiser ser realmente leviano, e a verdade não ser mais para mim um valor, farei uma faculdade de jornalismo.

Bem; nem é preciso mais fazer faculdade para ser mentiroso, digo, jornalista.

O STF percebeu, e muito bem, que para mentir e aumentar fatos não é preciso ostentar um diploma.

Qualquer um pode falar mentiras sem ajuda de uma faculdade. Qualquer pode enganar e aumentar os fatos.

Qualquer um pode ser jornalista.

Frederico Guilherme
Enviado por Frederico Guilherme em 21/01/2010
Reeditado em 22/01/2010
Código do texto: T2043615
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