SENSIBILIDADE ANIMAL

SENSIBILIDADE ANIMAL

Você já deve ter presenciado ou visto por imagens nas televisões ou cinemas, apresentações de rodeios ou algo do gênero, onde cavalos, bois, touros e bezerros são literalmente dominados pelo homem, como forma de espetáculo. Grandes prêmios em dinheiro, carros, motos e viagens são disputados por montadores ou laçadores destes animais, em uma arena fechada (cercada) com espaço suficiente para que estes animais possam correr e saltar enquanto os homens demonstram suas habilidades. Habilidades estas que incluem laçar o animal pelo pescoço na corrida ou pelas pernas, derrubando-o e amarrando-o até deixá-lo totalmente inerte. Como atração principal vem a montaria que é quando o homem fica por cima do animal e se considerando o maior dos mortais, propaga envaidecido a sua supremacia. A intenção é sempre mostrar o domínio do homem sobre o animal, o primeiro subjugando o segundo. A propósito, existe comumentemente uma plateia do lado de fora, formada por seres humanos que pagam para entrar e vibram e aplaudem as diabolices dos outros seres humanos que estão do lado de dentro. Completando o espetáculo, há também sempre um locutor narrando e comentaristas que ilustram cada movimento. Pois bem. Há imensas dúvidas sobre quem é o ser pensante em todo este quadro. Apesar da compleição física avantajada, já notou como é dócil um cavalo? Um carroceiro pode deixar seu cavalo sozinho atrelado à carroça por horas debaixo de sol escaldante e sem água que ele lá permanece quase imóvel. Só as moscas que o rodeiam, já deixariam qualquer humano fora de sua razão. Se estiver chovendo ele tem a mesma postura. A única exceção é se a chuva estiver batendo diretamente na sua cara, então ele muda de posição sem contudo sair do local que foi deixado.

Voltando para a arena, fico imaginando se fosse eu um daqueles animais ali, como eu veria a situação: vendo aquele homem correndo para cima de mim, como um inimigo, como um predador e eu amedrontado, indefeso e sem saída estaria gritando por minha mãe. Porém, de nada adiantaria. É preciso correr, correr e aguardar o inevitável. Tudo é premeditadamente feito para o suposto homem vencer. O intento o homem sempre alcança, entretanto, vencer eu não sei se ele vence. Quem afinal está preocupado com os arranhões que os animais sofrem? Com os ferimentos e queimaduras que aquela corda provoca no pescoço? Com a falta de ar? Com as dores sentidas nas quedas? Com as torções? Com os arreios no lombo? Com aquelas esporas nas virilhas? Com a adrenalina e o medo apavorante que tomam conta do inocente animal?

E por fim, quem está verdadeiramente preocupado com a insensibilidade do ser humano?

João Batista Legnare