Presente de aniversário

Saudades, gratidão, afeto. São as principais virtudes em destaque na homenagem que o Sr. Luiz Violi, filhos, genros, nora e netos, prestaram à Esther, esposa, mãe, sogra, avó e amiga daquele grupo familiar, em texto publicado neste semanário no último dia 29 de janeiro de 2005.

A espontaneidade e autenticidade do texto muito comoveu-me. A sinceridade das palavras ali colocadas falam bem alto do amor que unem as famílias. Estou há dias mantendo o desejo de escrever diretamente ao amigo Luiz Violi, mas pensando no conforto que o assunto pode oferecer a outras tantas criaturas ceifadas pela dor da separação de entes queridos, considerei melhor trazer a carta a público.

Ocorre que a separação de pessoas queridas de nosso convívio, pelo fenômeno biológico da morte, realmente causa dor intensa. Seja pelo inesperado do acontecimento, seja pela separação propriamente dita. Somam-se à dor as saudades, as lembranças, o desejo de manifestar gratidão e afeto, a própria ausência de alguém que nunca chega... A presença está ali, em todo lugar, a todo momento. Também o posso dizer de mim mesmo, com as saudades de meu querido pai.

Nosso Luiz Violi escreveu: “... procurei recolher por toda parte, pelos cômodos de nossa casa, pelos nossos passeios, pelas nossas venturas e desventuras, pelos sonhos que realizamos e pelos que não realizamos algo que pudesse lhe oferecer e lhe dissesse do grande vazio que deixou entre nós. Só encontrei saudades...”

Sim, ele expressou com exatidão o sentimento que aflora na saudade do ente querido que já partiu.

Outra leitora dirigiu-me indagação outro dia sobre um parente próximo que suicidou-se. Com razão, preocupava-se e perguntou: “Deus o perdoa pelo ato de suicídio e vai ampará-lo?” Respondi com absoluta convicção: ninguém está desamparado. Deus é Pai e olha por todos os filhos, apesar de todos os equívocos que possamos cometer. Mas o tema suicídio é muito amplo e não caberia aqui, cuja espaço é para outra finalidade. Em síntese, podemos dizer que sempre há atenuantes e agravantes, mas nunca falta auxílio...

Desejo dirigir-me a todos os que se separam de seus afetos, diariamente, inspirando-me na sensível e bonita iniciativa de Luiz Violi, pela demonstração de autêntico amor pela esposa ao publicar tão belo texto. Sim, porque, na vida, nada se perde. Os laços de afeto e amor são para sempre. As saudades do amor autêntico ligam as criaturas, que são imortais – ninguém morre ou se separa para sempre –, e não se separam, nem se perdem. Quem se ama está ligado por laços indestrutíveis que une ao ser amado, embora estejamos temporariamente separados fisicamente pela ocorrência da morte. Nós que aqui estamos não os vemos, mas eles nos vêem, nos visitam, e com eles nos encontramos durante o sono ou pelos caminhos da intuição e da permuta de pensamentos e vibrações de carinho e saudade que nunca cessam.

Violi foi feliz em sua expressão textual. Não falou de mágoas ou ressentimentos para com a vida, não demonstrou revolta. Falou de saudades, de afeto, de gratidão. Ora, são os sentimentos que prevalecem, que ficam. Apoiemo-nos na confiança em Deus e na absoluta convicção de vida abundante para todos. A ocorrência de morte é apenas necessidade física do planeta, pois não somos este corpo que usamos por limitado tempo, estamos nele. Somos muito mais que um corpo que envelhece e adoece. Somos, antes de tudo, autênticas pérolas de Deus! Filhos de um imenso Amor que tudo provê, tudo prevê, tudo ampara e distribui sem cessar bençãos de amor e crescimento. Para que sejamos felizes! Confiemos, pois!

Orson
Enviado por Orson em 01/08/2006
Código do texto: T206836