A dualidade na expressão artística

Nossa cultura, da música à literatura, foi sempre marcada por ideais políticos conflitando com vertentes mais “românticas”, que aparentavam certa apatia quanto às necessidades de mudança no meio social. Se do Tropicalismo ao Mangue Beat, a música brasileira mantinha-se como importante ferramenta de protesto, por outro lado, havia sempre o romantismo característico da Bossa Nova. Há também casos como o da grande cantora Nara Leão, que participou tanto da Bossa Nova – movimento do qual foi musa - quanto do Tropicalismo.

No campo das palavras, a tendência era quase sempre descrever o cotidiano, muitas vezes em tom de denúncia social. Das idéias de João do Rio, Lima Barreto e Machado de Assis, por exemplo, saíram crônicas, contos e escritos em geral de cunho mais político. Enquanto isso, sempre houve também quem descrevesse e revelasse a alma do ser humano, de forma introspectiva, porém não menos importante como ferramenta de reflexão, o que muitas vezes também era feito por escritores que se dedicavam ao âmbito social.

Em alguns casos, essa escolha temática tem haver muito mais com a necessidade de expressão e a inspiração que vêm à mente do artista por sua reflexão e visão do mundo do que necessariamente uma visão política consciente.

É nesse ponto que a arte se torna abrangente e abre espaço para uma gama infinda de reflexões sobre o ser humano e o que o cerca, entre problemas para serem discutidos e prazeres. Porém, a arte sempre teve uma função social importante em qualquer sociedade, seja para manter valores intactos ou repensá-los, seja para reformas sociais.

Enfim, como disse certa vez Milton Nascimento, “o artista deve ir onde o povo está”.

Rafael Saraiva
Enviado por Rafael Saraiva em 21/02/2010
Código do texto: T2099401
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