O GENERAL E OS GAYS


Sei que este é um assunto altamente polêmico. Quando vi a notícia pensei em escrever a respeito, mas achei que poderia ferir alguém e esta não é minha intenção.

No entanto ao ver diversas pesquisas, inclusive uma realizada pelo Jornal Nacional da Rede Globo, em  todos os resultados,  o mesmo  número expressivo contrário a permanência de gays no Exército, vou tomar por base o Exército, tendo em vista que a declaração polêmica foi de um General de Exército ao ser sabatinado no Congresso Nacional por ter sido indicado para uma vaga no Superior Tribunal Militar.

Para iniciar lembramos que o Exército é uma Instituição que tem por base a HIERARQUIA E A DISCIPLINA
HIERÁRQUIA: ordenação da autoridade, em diferentes níveis dentro da estrutura militar.

DISCIPLINA: regime de ordem imposta ou consentida.

Perguntado pelos senadores Demóstenes Torres e Eduardo Suplicy a respeito dos gays nas Forças Armadas, respondeu o General Raymundo Nonato de Cerqueira Filho: “nós sabemos que existem, mas não sabemos quem. Se ele mantém a dignidade, honra sua farda e não há conhecimento oficial, não vejo problema. No entanto, não é compatível um indivíduo assim, com o trabalho das Forças Armadas”.

Possivelmente a premissa não é tão simples assim quanto parece ao General Cerqueira Filho. Em primeiro lugar, o direito à opção sexual é reconhecido pela sociedade e previsto na Constituição. Não existe um padrão universal de comportamento entre os indivíduos homossexuais. Existem aqueles que querem ser o mais feminino possível, talvez preferissem mais serem mulheres que homens.

Poderíamos afirmar que estes indivíduos jamais procurariam a carreira militar.
Não se conhece casos de travestis ou homossexuais afetados, que tenham procurado prestar concurso para qualquer Escola Militar.

Os Comandantes a que o General se refere, não têm este perfil. São homens normais que cumprem seus deveres e simplesmente têm atração por outros homens, sendo bem diferentes daqueles que tem uma alma feminina presa dentro de seu corpo.

Possivelmente o General Cerqueira tenha de forma indireta se referido à Guerra do Vietnã, quando em combate soldados americanos se recusavam ostensivamente a receber ordens de oficiais gays, isto forçou a troca de diversos Comandos para evitar um processo de insubordinação maior.

O Presidente do STM, Marques Soares (um civil) diz que não comete nenhum crime o militar que não praticar ato libidinoso seja homo ou heterossexual. Resumindo, o militar deve se dar ao respeito, seja ele soldado ou general. Na realidade o General Cerqueira foi infeliz em suas declarações, pois discriminou os homossexuais quando afirmou que “soldados não obedeceriam a comandantes gays”. Com esta declaração ele deu maior ênfase ao comportamento sexual do que ao caráter e ao comportamento público. Ninguém discute que toda organização militar precisa de ter normas e critérios visando à preservação da disciplina

O presidente do Clube Militar general da reserva Gilberto Figueiredo, manifestou apoio a declaração do general Cerqueira “concordo com o general Cerqueira. Como opção sexual particular, ninguém tem nada a ver com isto. Mas no desempenho das atividades, não entendo como possa um militar se declarar homossexual. Há homosexuais nas forças armadas, quando ele sair do quartel pode exercer a opção que bem entender, mas que isto não seja explicito”.

"O general Figueiredo disse que conheceu diversos casos de militares homossexuais quando estava em atividade e afirmou que alguns militares chegaram a ser afastados porque assediaram sexualmente outros militares.”
“Possivelmente os casos de assédio que aconteceram, foram marcantes, daí a resistência dos militares em admitirem o homossexualismo.

Este tema é um tabu nas forças armadas e é praticamente consensual que a homossexualidade não seja aceita”
O autor lembra que todos afirmam que Alexandre o Grande, Caio Julio Cesar e outros generais que viveram A.C. eram homossexuais. Apenas uma explicação: a homossexualidade na época em que eles viveram.

Lembro que o artigo 239 do Código Penal Militar, prevê punições para quem praticar atos libidinosos em dependências militares.
Deixamos de fazer comentários a respeito do caso dos sargentos que se declaram gays, tendo em vista que o caso está para ser julgado pelo STM, ou seja, já está na esfera da justiça.

Alguns países iniciaram debate para descriminalizar a homossexualidade nas forças Armadas, entre os quais estão: Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Bolívia, Peru, México e Uruguai.
Nos países membros da OTAM o problema é tratado de diferentes formas:

Alemanha - existe uma avaliação médica para ver se a opção sexual pode influir no desempenho militar.
Bélgica - não é crime e não existe questionamento.
Canadá - permitido desde 1992.
Dinamarca - permitido desde 1955.
Espanha - permitido desde 1984.
EUA - a lei de 1994 > não pergunte e não conte.
França - a opção sexual é considerada assunto privado.
Grécia - proibido.
Holanda - permitido desde 1970.
Hungria - recomenda-se não aceitar.
Itália - proibido.
Luxemburgo - proibido.
Noruega - permitido.

O tema é extremamente complexo e o autor se exime em dar opinião, pois a polêmica é grande e cada pessoa deve tirar suas próprias conclusões, no entanto posso afirmar, que respeito a opção sexual de quem quer que seja.






Ruy Silva Barbosa
Enviado por Ruy Silva Barbosa em 22/02/2010
Reeditado em 24/02/2010
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