ILHAS MALVINAS: Falklands, Wastelands...

A disputa pelas Ilhas Malvinas – desde o fim da guerra em âmbito estritamente diplomático – ganhou prisma e atores renovados, desde que o Reino Unido decidiu experimentar novas possibilidades econômicas em seu território Ultra-Marinho. O teste que levaria à descoberta de petróleo na região desperta o ressentimento entre argentinos e, em geral, nos países da América do Sul – majoritariamente comprometidos com uma política de fortalecimento do estado nacional através de líderes carismáticos.

Importante ressaltar neste episódio o fortalecimento político do bloco sul-americano, tendo o Brasil como líder natural, uma vez que é o país de maior projeção econômica do continente e almeja, através de posturas protagonistas, um acento no Conselho de Segurança da ONU. Ao contrário do que foi há trinta anos, esta disputa particular não seria um interesse de um governo militar argentino contra a Coroa Britânica. Seria de todo um continente, enraizado e sincronizado dentro de interesses políticos, econômicos e sociais, através dos quais o empenho pelas ilhas se configura apenas pelo contexto.

Se, por um lado, a Argentina acusa o Reino Unido por uma postura unilateral em relação aos negócios das ilhas no Atlântico Sul, na questão diplomática também não existe reciprocidade, uma vez que o Reino Unido não cogita, sequer, qualquer diálogo em relação a sua soberania. Para os britânicos, a guerra vencida lhes daria a legitimidade de ocupar e povoar a fria Falklands Islands. Outro argumento reforça com veemência a soberania sobre as ilhas: seus habitantes preferem a coroa de Rainha Elizabeth II ao barrete da Dinastia Kirchner. Uma vez que a ONU, no artigo primeiro de sua Carta, se regula pela autodeterminação dos povos, qualquer recorrência à comunidade internacional contra esta base seria um despropósito que dispensa tempo às partes interessadas.

Diante disto fica o impasse. O Brasil – por suas sucessivas cumplicidades – se expõe ao comprar uma briga que não é sua propriamente. Compromete-se a levantar bandeiras que não necessariamente representam a vontade do povo brasileiro. A cada instante nossa diplomacia assume posturas alheias ao senso comum dos países livres. Ora no episódio do enriquecimento de urânio no Irã, ora no apoio omisso que oferece às formações totalitárias na América Latina. Em contrapartida, o Governo Federal mostra ao povo sua faceta pirotécnica de se destacar entre as nações emergentes. Em anos eleitorais, a luta pelo protagonismo internacional é uma bandeira valiosa: de fácil propaganda e difícil comprovação.

Eduardo Cassilhas
Enviado por Eduardo Cassilhas em 26/02/2010
Reeditado em 26/02/2010
Código do texto: T2108180
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