UM BOM INCENTIVO À CULTURA

As notícias divulgadas no dia 11 de fevereiro do corrente mostraram os projetos selecionados pelo Programa Petrobras Cultural, entre os quais três amazonenses. Estes três trabalhos têm como tema a vida na selva amazônica.

Alberto Michiles apresentou um filme de longa metragem onde conta um pouco da história do cinema no Amazonas, pelo relato da vida de outro cineasta: Cosme Alves Netto. O filme, depois de chagar às telas vai divulgar o Amazonas neste aspecto tão pouco conhecido.

Já o projeto do curta metragem do Alexandre Serrão trata de um tema conhecido de poucos: O alto índice de suicídios numa tribo de indígenas no alto Rio Negro. Este assunto já foi tema de um documentário da TV Bandeirantes, narrado por José Wilker com o título “A Tribo do Veneno”. Por isso é uma história que merece ser contada em filme. Talvez ali esteja um start para o desenvolvimento deste intrigante comportamento.

Assim o Amazonas teve um total de 16 projetos inscritos, com dois aprovados. O projeto de Michiles, por este morar em São Paulo, consta nos registros da Petrobrás como inscrito por aquele estado. A proporção entre candidatos e aprovados é muito alto. Considerando-se que só havia quatro projetos inscritos na área de literatura com um deles aprovado esse índice chega a um quarto do total.

Também fiquei feliz por ter meu trabalho de literatura selecionado entre os 17 contemplados num total de 270 inscritos. Ali se vê mais uma vez que a regionalidade não é levada em conta. Dos 23 estados que apresentaram projetos apenas seis receberão incentivos. O critério, que desconhecemos, tampouco levou em conta outras proporcionalidades, porque Minas Gerais e o Distrito Federal que apresentaram vinte e um e doze projetos literários, respectivamente, não tiveram nenhum selecionado.

Acredito que o critério do tema regional tenha influenciado. O meu livro “Perfume do Pau Rosa” trata do uso desta árvore para extração da essência que vai servir de fixador para os mais caros perfumes do mundo. O trabalho pesado, as condições desfavoráveis da extração servem para mostrar que o caminho percorrido por este fixador nem sempre é perfumado como o frasco sugere. O tema, fortemente regional pode ter contribuído para que fosse selecionado.

A Petrobras é uma das empresas que usa os incentivos fiscais do governo para aplicar em cultura. Com um investimento de pouco mais de 50 milhões, ela pretende incentivar diversos segmentos culturais. Embora em última instância o dinheiro não saia dos cofres da Petrobras, o incentivo vem em boa hora. A Lei Rouanet proporciona às empresas a destinarem parte do que pagariam em forma de impostos em incentivos culturais. Filmes, livros, sites, músicas, shows, teatros etc. cabem no guarda chuva da lei Rouanet. Muitas empresas fazem isso. Outras deixam de fazê-lo porque a burocracia também custa dinheiro.

Embora já tenha dois livros publicados, receber um incentivo para um terceiro faz muito bem. Num país onde os escritores de sucesso podem ser contados nos dedos de uma única mão, o dinheiro do incentivo representa menos que o reconhecimento do trabalho. Excetuando-se os alguns, a grande maioria tem outra fonte de renda para não depender da vende de livros para continuar vivendo. Mas, assim mesmo o dinheiro é muito bem-vindo. Embora escreva apenas por hobby, sem ter nenhum preparo acadêmico para tal, fico muito feliz por ter sido contemplado.

Peço desculpas aos leitores por usar este espaço para dar uma notícia em proveito próprio.

Luiz Lauschner – escritor e empresário.

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 28/02/2010
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