MUSEU DE GRANDES NOVIDADES

Em Taiwan foi inaugurado recentemente um museu em homenagem à boneca Barbie. Na Tailândia, foi sugerido um parque temático do suicídio. O Brasil não pode ficar atrás. Sugiro que fundemos o Museu da Corrupção. A verba para bancar o mega empreendimento poderia sair de algum paraíso fiscal. Mas tem que ser comprovadamente, dinheiro desviado. Não importa se por mensalão, caixa dois, superfaturamento ou roubo.

Acredito que se assumirmos logo a nossa condição de corruptos, o Brasil pelo menos estará se livrando do peso de ostentar uma imagem enganosa. Livraria-nos da chatice de termos de contar mentiras para justificar as nossas tramóias. Está provado que o brasileiro é perito em corromper, mas não leva o menor jeito para contar mentiras. Temos o dom da praticidade, mas nos enrolamos com a teoria.

O Museu da Corrupção poderia ser instalado no centro do poder, em Brasília. Acredito que receberia peregrinos do mundo todo. Lá estaria, por exemplo, a caneta com a qual Fernando Collor assinou o confisco da poupança. A cueca cheia de dólares do assessor do irmão de José Genoíno ficaria num cabide de honra. As malas com o dízimo dos fiéis seriam expostas numa espécie de réplica do paraíso. Maquetes com as obras superfaturadas de Paulo Maluf, mapas com endereços de paraísos fiscais e simulações das operações generosas do Banco Rural também seriam um aperitivo.

Ao invés de entupir os estudantes com livros sobre a história do Brasil, seria sugerido aos professores que enviasse seus pupilos ao Museu da Corrupção. Nada mais didático. Nada mais útil para compreender a cultura e a história política do nosso país.

Os novos cavaleiros da corrupção também teriam sala destacada. José Dirceu, Roberto Jefferson, Lula, Costa Neto, Mabel, Silvinho Pereira, Delúbio Soares entre outros astros das tramóias nacionais teriam suas estátuas, com fartas doses de seus feitos grandiosos.

O Museu também poderia abastecer o mercado editorial com livros temáticos “Como não ser cassado”, “A arte de mentir sem prevaricar” e “Assalto em série” seriam apenas alguns dos títulos sugeridos. Continuaríamos corruptos, porém mais felizes e em paz com a verdade.

* Artigo escrito em 2005.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 04/03/2010
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