"O Samba Pede Passagem"

O samba se popularizou através do rádio. Isso ocorreu nas décadas de vinte e trinta, sobretudo com o sucesso de Francisco Alves, em uma canção que ele gravou de autoria de Ismael Silva, “Se Você Jurar”.

Depois disso o nosso samba passou por vários percalços até chegar à consagração atual.

Não se pode mencionar o samba da atualidade sem tanger o nome de conhecido profissional do rádio: Moises da Rocha.

O radialista protagonizou, em 1978, a criação do programa de rádio “O Samba Pede Passagem” o qual ficou muito tempo em primeiro lugar do IBOPE e permanece vigoroso em nossas memórias. Esteve no ar por vinte e dois anos ininterruptos. Segundo Rocha, o programa "foi o primeiro a se dedicar exclusivamente ao samba nas emissoras FM". O apresentador se preocupava em dar atenção aos novos. Apostou no grupo Fundo de Quintal, grupo que abriu os caminhos para uma renovação do gênero.

Moisés da Rocha exercia, a partir de então, grande influência no mundo do samba, chegou a ser o programador da primeira emissora dedicada exclusivamente ao samba no Rio de Janeiro, a Rádio Carioca.

Dizia a nossa personalidade: "Carioca, quando queria tocar algum samba lá na rádio, tinha que mandar aqui pra São Paulo. A gente ouvia e, se tivesse qualidade, a gente programava para tocar lá".

Moises, que acumula as profissões de ator, dublador e produtor musical, apresenta shows ao lado de importantes figuras de nossa cultura, tais como o ator e apresentador Rolando Boldrin, seu amigo de longa data.

A maior diferença entre ele e seus semelhantes na atividade, sobretudo no tangente ao rádio, é a forma generosa com que abre os caminhos aos novos talentos, criando oportunidades para que possam trilhar seus caminhos, invariavelmente de sucessos. Por tal atividade jamais exigiu vantagens de qualquer espécie, diferentemente da prática de determinados colegas de profissão.

Sua importância para o samba é tão patente que durante vários anos foi diretor da Anhembi Eventos e Turismo, empresa ligada ao governo responsável pelas festividades carnavalescas de nossa Capital.

Entre as preferências pessoais do nosso personagem, temos notícia de que sua escola de samba do coração, no carnaval paulistano, é a Agremiação Camisa Verde e Branco, várias vezes consagrada campeã.

Homem simples, avesso à fama, nasceu em 1947, dia 11 de maio, no interior do Estado, em Ourinhos, e viveu muito tempo em São Vicente. Prefere resguardar-se do assédio tanto de jornalistas quanto de ouvintes. Sua crença é a de estar cumprindo com suas obrigações de cidadão, nada mais. Acalenta um sonho de voltar a viver no litoral, onde pretende passar seus últimos dias, ainda muito distantes.

Seu time do coração é o glorioso Santos, do famoso Pelé, tantas vezes campeão.

Moisés da Rocha, por fim afirma que nosso Estado de São Paulo produz muito samba de qualidade. "A gente tem de lembrar que São Paulo tem Germano Mathias, tem Osvaldinho da Cuíca, o Eduardo Gudin, parceiro do Paulo César Pinheiro. Tem também o grupo Redenção, o Thobias da Vai Vai, tem a Dona Inah, uma senhora gravou somente depois dos 60 anos de idade, tem o grupo Pé de Moleque. Tem gente fazendo samba de verdade, samba de qualidade", enfatiza.

(Texto originalmente publicado no Jornal QG do Samba)

Almir Ramos da Silva
Enviado por Almir Ramos da Silva em 04/03/2010
Código do texto: T2119967
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