OS VENDILHÕES DO TEMPLO

José Arnaldo Lisboa Martins

A televisão, além de recreativa e informativa, deveria ser, também, educativa e não se especializar em programas que só mostrem assaltos, seqüestros, estupros, formação de quadrilhas e pedofilia. Os fatos mais horríveis para formação do caráter dos jovens, são trazidos através das novelas e dos Big Brother Brasil, verdadeiros “cabarés familiares”, com todo tipo de safadeza. Neles, o sexo se tornou vulgar e animalesco, paralelamente às entrevistas banais, aos torneios e maratonas imbecis, trazidos para as telas, por apresentadores medíocres, que fazem das nossas emissoras de televisão, verdadeiras “zonas”. Uns se esmeram em arranjar “safadinhas de luxo” para dormirem com seus “namorados”, em motéis que fazem doação de “convites especiais”. Aos domingos o Faustão, sem nenhum preparo ou equilíbrio intelectual e com seu QI baixíssimo, cansa os expectadores com piadinhas sem graça e repetições das palavras “galera” e “ôi meu”, enchendo o saco de qualquer cristão. Até as “pegadinhas” explicadas por ele, perdem a graça, com seus burros comentários. O Raul Gil, com seu microfone dourado, cabelos pintados e palavreado brega, vulgariza as tardes de sábado. Sílvio Santos, com as suas roletas do “jogo de bicho”, não procura renovar os seus programas para que enfrentem os “cowboy”, sem nenhuma vocação para o palco.

Em nome da “evangelização”, as igrejas estão em todos os horários e entram pela madrugada. Vendem livros escritos por pessoas leigas, vendem CDs com letras e músicas medíocres e insistem nas passagens para o turismo na Terra Santa. Estes Vendilhões do Templo estão se multiplicando, com seus boletos e transferências bancárias, para construções de prédios suntuosos. Querem abrir uma igreja em cada rua e povoado, como filiais para suas curas e libertações. Os palcos com fumaçinhas, luzes estroboscópicas e trejeitos satânicos, trazem satanás para as suas apresentações. Na Igreja Católica, já não ouvimos mais os hinos tradicionais, porque todo mundo agora virou escritor, compositor e cantor, nas suas “canções novas”. O que se arrecada em dinheiro, não é informado e falam em percentual de 10 %, sem dizerem o valor que eles representam, se 100 mil reais ou 10 milhões de reais. Uma senhora, minha amiga, foi a uma destas igrejas e como não tinha dinheiro para o dízimo, o pastor sugeriu que ela deixasse seus brincos e celular. Se Jesus viesse expulsar os novos “vendilhões do templo”, iria ter muito trabalho, pois, são milhares deles. Bispos, padres, pastores e pastoras, missionários, apóstolos, reverendos e, até “bispas”, se digladiam, num comércio sem precedentes. As Igrejas funcionam com gritarias, caretas e bagunças, imitando escolas de samba. Prometem fortunas, vida matrimonial perfeita, cura do câncer, da tuberculose, das drogas, da hemorróida e até das diarréias. Consultórios estão fechando, porque os milagreiros estão ganhando a guerra contra os médicos.

As igrejas sérias e tradicionais como a Batista, a Presbiteriana, a Pentecostal, a Assembléia de Deus e outras, que não me lembro agora, estão perdendo adeptos para as ricas empresas evangélicas, mas, Jesus está “de olho” nelas, pois, usam seu nome para enriquecimento, venda de livros e CDs, shows, gordos salários e prédios luxuosos. Pra esse pessoal, Jesus está dizendo que no inferno ainda tem muitas vagas !

obs:Este artigo foi publicado no Jornal EXTRA, hoje, 5/3/2010

José Arnaldo Lisboa Martins
Enviado por José Arnaldo Lisboa Martins em 05/03/2010
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