Sinergia: Sim, Energia!

Fala-se muito em sinergia, dando-se ênfase a competência, a produção, e toda sorte de especificidade no desempenho do ser humano, sempre objetivando benefícios coletivos.

É certo que nada conseguiremos sozinhos e isso é um dado importante, quando buscamos qualidade e eficiência.

Necessário se faz compreendermos bem a palavra e suas implicações.

Sinergia é uma ação simultânea, de vários elementos, dirigida para o mesmo objetivo. Seja em uma equipe ou mesmo entre duas pessoas. O fato é que há um esforço conjunto de energia focada para algo que se deseja realizar.

Podemos considerar um time de futebol, por exemplo, onde várias pessoas precisam atuar de maneira sincronizada para que atinjam o objetivo comum que, naquele momento, pode ser ganhar o jogo. Da mesma maneira podemos considerar um casal e o empenho do mesmo para realizar algo que deseja, esse algo pode ser a compra de um apartamento. Fica fácil percebermos que o movimento desta energia é convergente, empregada sem que haja desperdício da mesma, para que se torne cada vez mais eficaz.

O que não podemos deixar de observar, é que a regra que vale para os exemplos acima citados, vale também para nós mesmos. Assim como é no macro, também é no micro. Se pretendemos obter algum controle nos movimentos da energia em relação aos grupos aos quais pertencemos, sejam eles de que natureza for, é preciso que observemos atentamente os movimentos de nossa própria energia.

Consideremos um indivíduo que concentra toda sua energia para atingir uma meta, que pode ser especializar-se em algum assunto, por exemplo. A regra que vale para ele é a mesma que vale para os grupos. Todo seu esforço será dirigido para o objetivo que traçou e assim, sem desperdício de energia, realizará seu intento. Quando atinge uma qualidade melhor em seu desempenho, consequentemente passa a contribuir para melhorar a qualidade de atuação do grupo ao qual pertence.

Estudos realizados na área do comportamento humano constataram que o indivíduo que consegue realizar suas metas pessoais, tem maior facilidade de realizar metas em grupo.

A disciplina, ordem e método, mesmo que sejam elementares, sustentam a base da sincronia, que é ritmo, atuação combinada e coordenada de modo a fluir sem interrupções ou atropelos. Se alguém conduz seu comportamento desta maneira, certamente estará mais preparado para agir de modo similar em um grupo.

Ao contrário do que se pensava, um perfeccionista não é aquele que é determinado a realizar suas metas, mas sim aquele que se prende a detalhes para realizá-la. Há indícios bastante claros que apontam para insegurança e uma dose de vaidade, embutidos dentro da conduta do perfeccionista.

Desejar a excelência, buscar a perfeição é impulso de todo ser humano que leve a sério algum propósito. No entanto, não deve ser o fazer pelo fazer, a motivação que o impulsiona a agir, e sim os resultados que advém de seu esforço. Isso, em alguma medida, evidencia o caminho da evolução do Homem. Talvez aqui fique mais clara a diferença entre a pessoa perfeccionista e a que busca a realização cada vez mais perfeita do que faz.

Hoje se valoriza bastante a capacidade que o indivíduo tem em negociar, mostrando-se flexível e criativo também. A postura radical, obstinada, que por um tempo era tida como expressão de força e poder, vai aos poucos desaparecendo, sendo indesejada dentro da nova concepção da dinâmica social.

Quanto mais requintamos a arte de negociar, maiores possibilidades temos de angariar simpatia, adeptos e colaboradores aos nossos propósitos. Lembrando que nada fazemos sozinhos, e que a união faz a força, nos remetemos novamente ao conceito de Sinergia.

A sinergia não é um elemento que entrou em cena por estar na moda e para justificar artigos e toda uma celeuma que garanta ao mundo moderno certa importância. Sinergia é personagem que possui tradição dentro do universo comportamental.

É saudável nos lembrarmos que a cultura é sempre pano de fundo que sustenta o cenário onde se desenrola a história da humanidade. Quando se movimenta a cultura, e valores e crenças se mobilizam produzindo um novo modo de se reagir, observamos que alguns elementos movimentam-se também, trocando de posições. As prioridades se alternam, os conceitos se remodelam e quando a maneira de pensar se modifica, o comportamento também o faz.

Assim, elementos que em alguma época estiveram em evidencia, tendem a cair no esquecimento, e ao contrário, outros que não eram lembrados, passam a ser requisitados com maior freqüência. Esta alternância é perfeitamente natural, uma vez que a sociedade, expressão concreta da reunião de pessoas, é móvel, e jamais estática.

Podemos lembrar épocas em que o chamado “canudo” era um valor inquestionável e tão respeitado que consistia em objetivo de vida para muitas pessoas. Não importa o sacrifício, a conquista justificava todo e qualquer esforço. Era um valor absoluto.

Hoje, facilmente podemos reconhecer certa relatividade no tocante à formação acadêmica. A própria sociedade evidencia esta mudança, quando questiona suas escolas, e levanta voz bradando as exigências reais que a vida impõe aos jovens, e assim, uma nova formatação vai surgindo em decorrência destas necessidades.

Deste modo podemos compreender que a Sinergia encontra agora um espaço mais favorável apenas, embora tenha estado sempre presente na história da humanidade.

Vale a pena avaliar este elemento, por si só conciliador e facilitador para que se viva em harmonia.

Quando falamos em responsabilidade social, estamos implicitamente falando da Sinergia, movimento que transcende muitas vezes a razão pura e atravessa o egoísmo, alcançando um estágio onde a verdadeira paz pode ser percebida e o que é melhor, partilhada.

Priscila de Loureiro Coelho

Consultora de Desenvolvimento de Pessoas

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 01/06/2005
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