VIDA DE CONCURSEIRO III

Luiz Luna*

Nesta última (pelo menos, por enquanto) abordagem sobre concursos públicos não há muito para esmiuçar, porque o assunto foi tratado sobre diversos ângulos nos dois primeiros textos. Recebi uma ligação e diversos e-mails de concurseiros de plantão, identificando-se com as narrativas. Isto prova tão somente que partilhamos dos mesmos ideais, independentemente de qual posição galgamos.

Ao mencionar que não existe fórmula mágica, tampouco um método específico, lembro-me de Dr. Concurso (nome fictício, história verídica). Atualmente, ele pertence aos quadros do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), mas já passou em aproximadamente cinco seleções públicas, dentre elas Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Justiça Federal. Quando descobri sua habilidade, logo questionei porque ele lograva êxito nos cargos que pleiteava, sendo mais fácil contar as questões erradas, geralmente duas ou três. Formado em Direito e pertencente a uma família equilibrada, nunca se aproveitou dessa condição para tirar proveito, pelo contrário, enfrentou as dificuldades pertinentes a todo concurseiro e dedicou-se com empenho para alcançar suas metas. Lógico que, de certa forma, não pode ser comparado àqueles que sequer têm o básico exigido em muitos concursos, a exemplo do ensino médio. Modesto, ensina que basta se ater ao conteúdo programático divulgado nos editais, bem como ler exaustivamente os códigos e legislações complementares.

Não podemos apregoar que só existem facilidades. Inspirado no exemplo do amigo Dr. Concurso, comecei a participar de algumas provas, sem estudar e tão somente acreditando – além do conhecimento acumulado ao longo da vivência acadêmica e particular – ser possuidor de uma sorte ímpar. Nunca passei dos sessenta por cento de acerto. Mesmo assim, certa feita quase logrei aprovação em um concurso para o Judiciário do Estado de Pernambuco. Há mais ou menos três anos, porém, sobressaltou-me uma paixão, transformada em amor, por uma carreira no Serviço Público Federal. No mesmo ano, houve seleção para o cargo pretendido. Apenas seis meses de estudos não foram suficientes para a aprovação. Porém, saí da sala de prova certo do que realmente queria. Daí então, houve toda uma transformação de vida, desde alimentação, planejamento, exercícios físicos, estudo e até o ingresso num curso universitário. Durante os sábados, aulas em um cursinho preparatório para concursos públicos. Aos domingos, no meio do descanso, aqui e acolá uma meia hora de revisão, visando não esquecer o projeto de vida. A aquisição de livros (apostilas não são recomendadas), legislação em áudio e dvd, bem como pesquisa nos “sítios” especializados, faz parte do processo de preparação.

É lógico que a maioria das comparações não são de bom senso, porque cada um possui características próprias. No entanto, sempre ignoramos essas considerações, sendo comum ouvirmos cobranças ou críticas (nem sempre construtivas) diante do sucesso de alguém conhecido. William Douglas novamente serve de inspiração, quando diz que há os candidatos que passam em concursos e aqueles que desistem. Então, caro leitor, cabe-nos decidirmos em qual posição queremos estar, porque somos os nossos principais concorrentes.

* Jornalista e especialista em gestão de pessoas.

L L Jr
Enviado por L L Jr em 09/08/2006
Código do texto: T212746