JOSÉ

Eram apenas pernas que vagavam em meio à sombra, era mais uma sombra que corria pelo assombro. Era José, era ele, era o menino pobre, era o menino rico.

Não tinha chegada, não conhecia uma saída,

Apenas sabia que nada era seu destino.

Seus passos eram da favela, sua caminhada era das ruas,

Seu coração era do povo, seus pais era quem lhe dessem algo para o almoço!

Vai José! Vai pelo seu caminho, andando e cantando e seguindo sozinho.

De você nascem tantos outros parecidos: José, Jose, Juvenal, Juvêncio e Joana, são tantos e tão solitários, são os que choram, são os que gritam.

Desce a ladeira menino, corre cedo a padaria, encontre o padeiro e peça o amor de uma menina.

Seu cabelo parecia um ninho, suas roupas antes um terninho, agora um trapinho.

A pelada de bola, o chute ao gol, as risadas se embolam,

O sorriso crescia à medida que o tempo se perdia.

Corre com o pão, pula o portão, derruba a cerca, deixa pra trás a porteira.

Segue José, vai buscando seu caminho, desce a ladeira, e encontra a favela, tudo se fecha, é dia de tiroteio.

Corre José! Pega seu cachorro. Pula nos quintais, que de canto não tem jeito.

Pula José! Segue seu caminho, chega ao centro de uma cidade perdida.

Que luzes! Que brilho! De nada adianta, o seu lar tem mais escuro escondido.

Vai José, procura um amigo, descobre um caminho, encontra um abrigo.

A noite é fria, o dia é quente, mas José é valente!

Tem doze anos, tem talento, anda preparado, nunca perde seu rebolado.

Segue José, nas ruas da cidade, cuidado com o carro, pode ser atropelado.

Está acabando o dia, chega de suas molequices, passe o ponto e corra ao encontro dos escombros.

Essa não José! Seu dia acabou, um carro passou, o conselho falhou, morto no chão ficou, sem ter seu valor.

*Dedicado a todos os meninos e meninas que vivem a sombra de uma dura realidade das favelas.

Daykon
Enviado por Daykon em 10/08/2006
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