DOS OBJETOS DE AMOR

 
 
O   amor  não é,  primacialmente, uma  relação
para com uma pessoa específica; é  uma  atitude,
uma orientação de caráter, que  determina a  re
lação de alguém para com o mundo  como  um
todo, e não para com um “objeto”de amor.
Se uma pessoa ama apenas a uma outra pessoa
E é  indiferente ao resto  dos  seus semelhantes,
Seu amor não é amor, mas um afeto simbiótico,
Ou um  egoísmo  ampliado.Contudo, a  maioria
crê que o amor é constituído pelo  objeto  e não
pela faculdade.De fato, acredita-se  mesmo  que
a prova da intensidade do  amor está em não  a
mar ninguém além da pessoa "amada”.Este é  o
mesmo equívoco de que acima falamos.Por não
se ver que o amor é  uma  atividade, uma  força
de alma , acredita-se que tudo quanto é necessá
rio encontrar é o objeto certo, e tudo o mais irá
depois por si. Tal atitude pode ser comparada à
de alguém que queira  pintar  mas, em vez de a
prender a arte, proclama  que lhe  basta esperar
pelo objeto certo, passando a  pintá-lo  belamen
te quando o encontrar.Se  verdadeiramente amo
alguém, então amo a todos, amo o mundo, amo
a vida. Se posso  dizer  a  outrem: “Eu te  amo”,
devo ser capaz de dizer: “Amo em ti a  todos,  a
través de ti amo o mundo, amo-me a mim  mes
mo em ti”.
Dizer que o amor é uma orientação que  se  refe
re a todos e não a um não implica, entretanto  a
idéia de que não haja diferenças entre  vários  ti
pos de amor, que dependem  da  espécie  de  o
bjeto que é amado.
 
 
Alice Pinto
Manhã de 20/03/2010
 

escribalice
Enviado por escribalice em 20/03/2010
Reeditado em 20/03/2010
Código do texto: T2149000
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