A POESIA DE MARÇAL PINTO

     Nascido em Umarizal/RN, no dia 30 de junho de 1912, Marçal Alves Pinto trabalhou alguns anos como pequeno comerciante. Posteriormente se mudou para a cidade de Antonio Martins/RN, onde foi tabelião durante muitos anos. Depois que se aposentou mudou-se para Mossoró e depois para Natal, onde faleceu no dia 30 de outubro de 1995. Sempre bem humorado, tinha a poesia como seu passatempo favorito. Em 1994 publicou o livro “Arquivos de um Poeta”.
     Possuidor de uma verve gostosa, aproveitava pequenos acontecimentos do cotidiano para fazer os seus versos. Num certo domingo ele assistia a uma missa na cidade de Alexandria/RN, quando um galo entrou correndo atrás de uma galinha dentro da igreja. Aproveitou o acontecimento para glosar:

O galo entrou na igreja
Na hora da santa missa

Todo vivente deseja
A vida de almofadinha,
Por sedução da galinha
O galo entrou na igreja.
Havendo grande peleja
De uma freira ou noviça
Que por cuidado ou cobiça
Temeu que o galo velho
Desrespeitasse o evangelho
Na hora da santa missa.

Outro dia viajava ele de trem para Mossoró. Ao passar pela cidade de Mineiro (hoje Frutuoso Gomes), observou uma porca sobre uma fossa aberta comendo fezes, enquanto um porco montava-se sobre ela. O poeta improvisou a sextilha:

Hoje ao passar em Mineiro
Eu vi uma coisa bela:
Uma porca em cima da fossa
E o porco em cima dela,
A porca comendo bosta
E o porco comendo ela.

Um certo dia encomendou uma calça a um alfaiate chamado Cecílio, em Alexandria. Provou mais de uma vez a roupa para que ficasse como queria. Enfim, depois que recebeu a calça fez os versos:

Tem confecção perfeita
A roupa que recebi,
No mesmo dia vesti,
A roupa ficou bem feita.
Como estava um pouco estreita,
Aconcheguei os botões,
Por falta de dimensões
Ficou colada na coxa,
A cintura ficou frouxa,
Porem não coube os colhões.

Bibliografia:

PEDROSA, José.Versos Sacânicos.Natal/RN, 2003: Sebo Vermelho.
PINTO, Marçal Alves.Arquivos de Um Poeta. Natal/RN, 1994.