A SÍNDROME DOS “EX”

Evangelizando algumas pessoas tenho como réplica ao contexto das afirmações que faço, relacionadas às possíveis mudanças produzidas pelo poder do Evangelho na vida de determinadas pessoas, o dizer comum de que “todo crente foi um ex-qualquer-coisa.” Agindo assim, querem alguns expressar-se pejorativamente, numa atitude superficial e preconceituosa em relação àqueles que dizem crer no Evangelho. No entanto fazem-no desprovidos do conhecimento legítimo.

Em última análise, não são apenas os crentes que merecem o rótulo de ex-qualquer-coisa. Afinal de contas todos nós estamos expostos a mudanças, para melhor ou para pior, mudanças estas que ocorrem na medida em que o tempo se transcorre. Ontem posso ter sido pior do que hoje, ou posso ter sido melhor do que hoje, o que depende intrinsecamente das escolhas e dos valores que abraço ou deixo de abraçar, seja por fé ou por convicção filosófica.

Mudanças para melhor não deveriam ser vistas com tanto preconceito e ausência de pertinência, afinal de contas, é preferível o nos deparar com os “ex-piores” do que com os “atuais piorados”. Logicamente, a prática do bom senso nos remete à conclusão de que sem Deus e os seus valores, ficamos piores e tornamos intragáveis nos relacionamentos e conjunturas aos quais estamos expostos.

Está certo que pensemos que uma visão equivocada sobre Deus e sobre seus mandamentos e princípios, também torna algumas relações insustentáveis, como por exemplo o fanatismo desprovido de uma interpretação bíblica equilibrada e fiel por uma hermenêutica devidamente aplicada em uma contextualização apropriada. Mas os dados acerca deste comportamento são facilmente verificáveis na observação dos frutos produzidos.

Contudo, voltando à Síndrome dos Ex, todos o são, em níveis melhores ou piores, mudados a cada dia. Por isto mesmo preciso dizer e enfatizar que se é para ser ex alguma coisa, se mudanças certmente ocorrerão durante os dias da minha vida, que preferivelmente aconteçam pelo poder do Evangelho do Senhor Jesus Cristo. Se isto ocorrer, se eu roubava não roubarei mais, se era desonesto viverei a perspectiva da honestidade, se adúltero acertar-me-ei e procurarei manter o vínculo da promessa feita no altar, se mentiroso abraçarei o hábito da verdade, se habituado a fraudes tornar-me-ei parceiro e amante da ética, se pedófilo viverei a possibilidade de ver a infância na ótica de filhos de Deus, se corrupto transformado em gestor responsável dos bens alheios, de medroso a confiante, de insone a descansado, de depressivo a curado. Nesta perspectiva todos preferirão uma sociedade marcada pelos “ex” do que “atuais causadores de tragédidas e desgraças”. Tens alguma dúvida disto?

Termino esta reflexão com um texto da Palavra de Deus que coroa esta idéia. Trata-se de 2 Coríntios 5.17, que nos afirma que “ aquele que está em Cristo, nova criatura é, as coisas antigas se passaram, eis que tudo se faz novo...”

Diante disto é correto afirmar que todos os cristão foram ex-qualquer-coisa, mas fica incompleto se não dissermos que eles se tornaram novinhos em folha em seu trato interior, portanto com potencial para escrever uma nova história espiritual, familiar e social, sobretudo, legitimados por Deus.

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