Não sei nem português, quanto mais inglês!

Não sei nem português, quanto mais inglês! Com certeza, você professor de línguas, já ouviu uma asserção deste tipo em sala de aula. Isso mostra, com exatidão, como anda o ensino de línguas estrangeiras, e, conseqüentemente, a auto-estima dos nossos alunos do ensino fundamental e médio. Educar significa imbuir o aluno de um conhecimento que realmente faça diferença em sua vida pessoal, social e profissional. É lapidar o educando, refinando-o, observando o que este traz de conhecimento de mundo. Educar é muito mais do que transmitir conhecimentos, significa ter em mente que o aluno é um ser em processo de transformação e humanização que precisa de cuidados especiais para atingir a fase de maturação. São tantas e tantas as definições para o termo “educar”. Infelizmente, hoje em dia, a escola, em vez de educar, está “deseducando” o aprendiz. É necessário que todo professor de línguas, para ser um educador "capaz", tenha conhecimento de três competências precípuas e indissociáveis no processo de ensino e aprendizagem de línguas: competência profissional, teórica e comunicativa. Todo professor deve saber explicar porque ensina como ensina, ter conhecimento do seu papel na sociedade, saber o que é linguagem/língua/ensino e aprendizagem de língua estrangeira, e, por último, falar a língua estrangeira em foco de maneira espontânea. Um dos fatores que evidenciam a derrocada do ensino de línguas no Brasil é a falta de conhecimento teórico e comunicativo do professor de línguas. A maioria dos nossos educadores está muito envolvida no processo de ensino e esquece-se do processo de aprendizagem. Pensa muito no ensino, aquele ensino bancário onde o professor deposita na mente dos alunos muito “conhecimento” e espera que este renda o bastante. Os docentes esquecem-se do que está envolvido no processo de aprendizagem: afetividade, valorização do conhecimento de mundo do aluno e realização das aulas em língua estrangeira que, conseqüentemente, resultará em melhor aprendizagem. O professor de línguas deve repensar o seu papel de aplicador de teorias lingüísticas e métodos prontos, receituários em livros didáticos.Deve construir o seu ensino, partindo de leituras sérias da literatura especializada, seguida de discussões em grupos de estudos, participações em congressos que abordem o tema de seu interesse, etc. O professor tem que ser um educador crítico. É interessante que ele faça uma análise de sua aula por meio de gravações, filmagens, anotações que, posteriormente desencadearão em descrições meticulosas de como anda o seu ensino, que efeito o seu ensinar tem no educando e em que grau anda seu conhecimento comunicativo no idioma, etc. Somente através da própria reflexação (reflexão na ação) é que o professor passará a ter um conhecimento das competências necessárias envolvidas no processo de ensino e aprendizagem de línguas. Desta forma, ele não caíra no rol daqueles que educam para a exclusão, pois terá bastante argumento e atividades práticas inclusivas para conscientizar o aluno através de um diálogo crítico e saudável de que ele sabe português bastante para aprender inglês.