Defeitos da comunicação em dose dupla

Falta comunicar-se na era da comunicação

É preciso admitir que o Ceará Sporting Club tem tido problemas ruidosos em sua comunicação. Não sei se o problema é de uma ou de mais pessoas. Mas também não vem ao caso saber sobre isso, já que não se trata de apontar o agente e sim de resolver o conseqüente. O que não pode é o clube não saber lidar com os que fazem sua cobertura midiática. Aí reside erro primário e inaceitável.

Também devemos levar em conta que não é muito comum uma atitude despojada dos dirigentes, fato que por si só dificulta sobremaneira o bom andamento do processo de comunicação. A excessiva vaidade da maioria deles os torna a um só tempo centro de catálise e distribuição de informações.

Mote para reflexão

Nossa crônica esportiva, de boas exceções personalísticas, mas que de regra tem produzido de mal a pior, sofre do alastrado mal social do desvalor. E admitir essa realidade dura, mas incontestável, de modo algum significa falta de humildade de nossa parte.

Jornalismo esportivo não deve ser confundido com colunismo social. Nossa programação esportiva, em regra, mais parece a velha quermesse, com alôs ‘praqui’ e ‘pracolá’, abraços a bambão, e opinião crítica que é bom e faz bem, quase nada , quando não, nada de nada.

Quem tem opinião firme e contrária à da maioria passa a sofrer algumas retaliações, como se a competição não pudesse estar presente no meio jornalístico, seja no rádio, jornal, televisão e multimeios. Ora, não há como negar que competimos uns com os outros – não adianta negarmos esta realidade. A questão é meramente de perseguirmos o aspecto ético nesta inexorável competição.

Eu, por exemplo, ao contrário do que imaginam alguns, reconheço os limites do meu conhecimento, e por isso mesmo não me acomodo com o pouco que sei, o que me faz buscar novos acréscimos para minha constante formação como radialista. Não me arvoro de possuir uma grande experiência pelo mais de meio século de existência, assim como não me intimido diante de quem diz ter 10, 15 ou 20 anos como radialista.

A dinâmica do rádio, da comunicação e principalmente do futebol exigem constante atualização, sem o quê o tempo de registro como radialista nem o mau exercício da profissão de quase nada valem. E esse processo dinâmico e interativo é que permite uma saudável competição entre nós, competição essa que se cinge, primordialmente, pelo paradigma da qualidade, muito mais que pelo mero tempo. O tempo pode até contar para a aposentadoria, mas jamais como garantia de qualidade.