TIRADENTES E A MAÇONARIA

      
(21 DE ABRIL)


Os portugueses aqui radicados exploravam todo tipo de riqueza existente na Colônia, sendo de um modo geral proprietários de grandes fortunas. Seus filhos brasileiros porque aqui nasceram, também eram ricos.

Eram os nossos burgueses ao final do século XVIII.

A exploração se repetia em todas as colônias fossem portuguesas, inglesas, francesas...Inicialmente a Burguesia se revoltou, nos E.U. A. contra o abuso de impostos e a exploração desmedida dando origem à guerra de independência.

O resultado da revolução americana foi levado para a Europa, especialmente para a França, que também era colonizada e explorada pela Monarquia das casas reais européias. Também na França, a Burguesia fez a revolução e proclamou a República.


Gustavo Barroso, em seu livro "A História Secreta do BRASIL", escreveu: “Os moços brasileiros que estudavam na Europa, sobretudo na Universidade de Montpellier, em Paris, regressavam aos lares cheios de entusiasmo pela grandeza da terra brasileira comparada com a exiguidade européia e cheios do maior entusiasmo, ainda pelo exemplo americano e pela figura do grande maçom Benjamin Franklin, que fora ao velho mundo levar o angustiante pedido de socorro dos Filhos da Viúva de sua pátria às Lojas localizadas na Europa.


A participação da Maçonaria em todos esses movimentos de emancipação ao redor do mundo deveu-se, sem sombra de dúvidas, à qualidade e à pureza de propósitos da Maçonaria dos EUA. Os maçons americanos levaram à Europa o lema da Liberdade, Igualdade e Fraternidade.


Na Loja Grande Reunião Americana, fundada em Londres pelo venezuelano Francisco Miranda, precursor da independência dos países na América Espanhola, foram iniciados Simon Bolívar, Bernardo O’HIGGINS, San Martins, e o brasileiro José Álvares Maciel, um dos líderes da Conjuração Mineira. O movimento no Brasil tomou corpo com outras figuras vindas da Europa, como José Joaquim da Maia, Domingos Vidal Barbosa, José Mariano Leal e José Pereira Ribeiro.


Não há registros que comprovem a iniciação de Joaquim José da Silva Xavier na Maçonaria, seja no Rio de Janeiro, seja na Bahia, provavelmente foi iniciado por comunicação por José Álvares Maciel.

Quando Tiradentes foi servir como alferes em Vila Rica, lá encontrou vários maçons que  se reuniam  há muito tempo, com o propósito da Conjuração, inclusive o Comandante do Regimento, o Tenente Coronel Francisco de Paula Freire de Andrada.

Tiradentes, todavia, era um humilde mascate que aprendeu a profissão de dentista e fora comissionado como alferes. Os outros citados no movimento eram aqueles que estudaram na Europa. Tiradentes participou ativamente do movimento, que não estava mais restrito às Lojas Maçônicas e já se instalava no seio da sociedade.


Consta que Tiradentes teria fundado uma Loja Maçônica em Diamantina, que na época se denominava Tijuco e que essa loja participou ativamente do movimento separatista.


A decisão de fazer eclodir o movimento, veio com a chegada do Visconde de Barbacena, novo Governador, com a missão de aumentar ainda mais os impostos e a cobrança dos quintos de ouro (20% do ouro produzido pelos brasileiros). A insatisfação popular era grande e os conjurados resolveram deflagrar o movimento.


Três conjurados, (também maçons), na esperança de terem suas dívidas para com a Fazenda Pública perdoadas, denunciaram o movimento. Foram eles: o coronel Joaquim Silvério dos Reis, Inácio Corrêa Pamplona e Basílio de Brito Malheiros do Lago. Eram portugueses de nascimento, foram perdoados das dívidas e tiveram mantidas honrarias e pensão anual.


O movimento, que passou à história com o título de Inconfidência Mineira, deveria ter sido conhecido como Conjuração Mineira, porque só três do total de participantes não guardaram confidência e falaram, portanto estes são os verdadeiros inconfidentes.


Da denúncia resultou a “Devassa”, feita por um Tribunal de Alçada do Rio de Janeiro, composto por seis membros, sendo três vindos de Lisboa. As sentenças foram lavradas com base em segredo de confessionário por frades franciscanos e arrancadas à força de torturas no interior das masmorras.


Todos os conjurados foram condenados à morte, exceto os três inconfidentes. Todos tiveram suas penas computadas para degredo perpétuo, exceto Tiradentes, considerado “indigno da real piedade”.


A realidade é que Tiradentes, o mais humilde de todos e devotadíssimo a causa, não contava com dinheiro ou "padrinhos" para comprar pena mais branda. O único dos réus a sofrer execução foi Tiradentes, que morreu na forca no dia 21 de abril de 1792, tendo em seguida esquartejado o corpo. Com a alcunha de Tiradentes devido a sua profissão, não era o conjurado de maior significação. A sentença de Tiradentes ainda constava que suas terras fossem salgadas e seus descendentes excomungados.


Com o fim da “DEVASSA” terminou a Conjuração ou Inconfidência mineira, o primeiro movimento organizado para emancipação do Brasil com a instituição da República e com a participação ativa da Maçonaria.


Tiradentes jamais teve tanta barba e cabelos como aparece na imagem oficial e na estátua que fica à frente da Assembleia Legislativa, no centro do Rio de Janeiro. Nem poderia, porque os presos eram obrigados a rasparem-se a fim de evitar a proliferação de piolhos na cadeia; sendo porque seria enforcado e a barba poderia ainda atrapalhar a ação da corda.

Os dois soldados que ficaram na guarda da cabeça de Tiradentes, eram maçons e sob orientação de Aleijadinho, tiraram a cabeça da corrente que  a prendia, levando-a para o Alto da Cruz. Lá deram à cabeça uma cerimônia fúnebre, puseram-na  em uma urna funerária e depois de coberto  por terra colocaram-na sob um altar maçônico.

 

                    

Ruy Silva Barbosa
Enviado por Ruy Silva Barbosa em 14/04/2010
Reeditado em 15/04/2010
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