MANAUS TEM OPÇÕES

Para muitos, os barcos são apenas meios de transporte. Devido às longas distâncias que percorrem acabam tornando-se meios de hospedagem e de alimentação. A opção que existe no transporte rodoviário, em que se pára o carro na cidade que oferece condições de pernoite, quase nunca é possível quando estamos em um barco viajando de Manaus para Porto Velho, por exemplo. Mesmo porque parar durante a noite é pura perda de tempo.

Os barcos direcionados ao turismo são cada vez mais em maior número. Muitas vezes são pequenos, com apenas algumas cabines, para grupos pequenos, o que possibilita a flexibilização do programa de viagem. Outras vezes são grandes, com aproximadamente cem cabines, o que exige uma logística diferente.

A Associação dos Operadores de Barco de Turismo (AOBT) surgiu em Manaus há cerca de três anos. No início surgiu como entidade de defesa dos operadores e para ter cacife e forçar o estabelecimento de regras claras para o setor. Pelas normas da Capitania dos Portos, as exigências para barcos de turismo são muito maiores que os chamados barcos de recreio. Hoje, mais consolidada, a AOBT tem uma linha de ação que vai do simples levantamento da capacidade dos barcos de seus associados, como também a especialização em Pesca Esportiva, uma modalidade que muito cresce no mundo e no Amazonas ainda é incipiente.

Os barcos de turismo são também meios de hospedagem porque seus passeios normalmente duram três dias. São meios de alimentação uma vez que fornecem aos seus passageiros as três refeições diárias. Nestes barcos estão disponíveis mais de um mil leitos, o que corresponde a um terço do que está disponível na capital amazonense.

Se até a copa de 2014 a Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (ABIH) prevê que a capacidade de hospedagem nos hotéis de Manaus ultrapasse a seis mil leitos, bastariam quatro navios grandes atracados no Rio Negro para duplicar esta capacidade. A AOBT aposta nos intervalos entre os jogos para lotar seus barcos em passeios e pernoites que hoje já tem clientela certa. O pré-copa e pós-copa também podem representar uma alavanca nas ocupações das embarcações.

O diferencial nos barcos de turismo é exatamente esta: a multiplicidade de serviços que oferece. Além do transporte e hospedagem, todos os barcos levam embarcações pequenas que permitem aos passageiros ir a lugares onde o barco grande não pode ir. A pesca esportiva, focagem de jacarés, observação de pássaros são apenas algumas das opções de lazer que são oferecidas.

É bom explorar o fato de que a copa acontecerá nos mês de junho, época em que a cheia no Amazonas atinge seu ápice. Há necessidade de divulgar o fato de que a cheia na planície amazônica não tem o efeito de enchentes em regiões montanhosas. Os rios da Amazônia são, na verdade, grandes represas que não aumentam de velocidade nas cheias e oferecem um espetáculo único: A navegação sobre copas de árvores encobertas pelas águas. É uma oportunidade para mostrar ao mundo que a cheia na Amazônia é uma coisa muito linda e que ela permite ir a lugares que em épocas normais não se pode ir. A observação de aves não migratórias é feita de perto.

Enfim, é uma oportunidade para o mundo ver que o homem amazônida convive com a água da mesma forma que convive com a terra.

Luiz Lauschner – Escritor e empresário.

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Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 24/04/2010
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