O alcoolismo.

Marcio palestrava em respeitosa instituição religiosa, quando senhor que estava na platéia levantou o braço e pediu a palavra. Visivelmente emocionado, o desconhecido começou a narrar sua história:

- Comecei a ingerir bebida alcoólica desde a infância, como meu pai gostava de tomar cerveja, estava sempre bebericando alguns goles de seu copo, sem jamais ser admoestado por isso. Quando entrei na adolescência, aos fins de semana comecei a sair com os amigos e com eles ingerir doses maiores, não tardou e fiz da bebida um hábito e por conseqüência, logo tornou-se um vício. A vontade de embriagar-se escravizava-me, gostava de sentir aquele torpor característico da embriaguez, não raro acordava de madrugada tremendo e acreditava que só voltaria a dormir se tomasse uma dose para aliviar a tensão. Conselhos, exemplos e histórias que me contavam não eram suficientes para me sensibilizar e colocar em meu coração um pouco de vontade de mudar. Perdi a conta de quantos empregos desperdicei, de quantas alegrias deixei de experimentar por estar movido pelo álcool.

- Casei-me e mesmo assim continuei bebendo, embora amasse minha esposa, quando estava sobre o efeito do álcool tornava-me violento e a agredia, não foram poucas as vezes que seus olhos ficaram roxos vitimas de minhas doses a mais. Logo tivemos uma filha e todos acreditavam que com o nascimento da criança eu fosse melhorar, tomar coragem e largar a bebida. Quê nada! Aquilo era algo que me satisfazia, era um mal que eu julgava necessário. Certa vez, entrei em casa cambaleando de tão embriagado que estava, minha filha, ingênua criança, ao ver-me veio abraçar-me, e eu, sem dó nem piedade, desferi-lhe potente chute nas pernas. A pequena chorava contorcendo-se de dor, minha esposa, atônita chorava junto com a garota. Aquilo foi a gota d’agua, ou procurava auxílio, ou abandonava tudo e cometia o suicídio. E hoje, cá estou nesta casa de oração em busca do pão espiritual que me acalme a alma atribulada pela vida indisciplinada que levei.

Muitas vezes a bebida alcoólica começa a ser experimentada dentro do próprio lar em goles aparentemente inocentes dados por pais, mães, tios, que tem o hábito de consumir bebida alcoólica. Mais de 50% das pessoas que ingerem bebida alcoólica começaram essa aventura entre os 10 e 12 anos. Autêntico absurdo!

Não menos absurdo são os comerciais que mostram pessoas famosas deliciando-se com a “inocente cervejinha. Alguns “bondosamente” aconselham: Se beber não dirija! Há devaneios em nossa sociedade, o vício é propagado sem rodeios. Queremos paz e educação, no entanto, abrimos campo à violência, cerca de 70% dos laudos cadavéricos de mortes violentas constam a presença do álcool. No âmbito educacional, pais atuam displicentemente ao permitir que seus filhos tomem goles e mais goles da famosa cervejinha. Como exigir adultos responsáveis se os futuros senhores do amanhã tomam desde tenta idade contato com a irresponsabilidade e o vício. Há que olhar às nossas crianças, há que incentivar comportamentos equilibrados e coerentes. Lamentavelmente fechamos os olhos para questões relevantes e que interferem decisivamente em nossas vidas. Para se ter uma idéia dos prejuízos causados pelo álcool , cerca de 65% dos acidentes de trânsito são causados por ele. O álcool é a terceira causa maior de faltas ao trabalho e compromete 5% do PIB (Produto Interno Bruto) de nosso país. Mais: 54% dos acidentes de trabalho são causados por trabalhadores alcoolizados, 40% dos suicídios são provocados pelo abuso do álcool, 52% das agressões dentro do lar são produzidas por esse ingrato inimigo das famílias,

90% das internações em hospitais psiquiátricos são causadas por ele.

Lares dizimados, empregos desperdiçados, oportunidades de crescimento atiradas ao vento...

O álcool entre os jovens brasileiros é a droga mais consumida e uma das que mais desequilibram a máquina física.

O cérebro é extremamente afetado, a região do córtex pré frontal, que é responsável pelas nossas faculdades intelectuais como o raciocínio, é uma das que mais sofrem com o efeito nefasto do álcool. E não pára por ai, o álcool afeta o sangue, fígado, músculos, sistema digestivo, além de contribuir para a impotência sexual.

Por ser socialmente aceito, conta com a simpatia de muitas pessoas. Toma-se um pouco para esquecer os problemas, toma-se um pouco para afogar magoas e frustrações, toma-se um pouco para comemorar festas de aniversário, toma-se um pouco porque o time de futebol foi campeão, toma-se um pouco por estar alegre, toma-se um pouco para se desinibir...

Fuga de si mesmo, pessoas que fogem dos problemas costumam se aconchegar nos braços aparentemente doces da bebida alcoólica, porém, quando se deparam com a realidade nua e crua, vêem quanto estão envolvidos pelo vício, ai sintonizados que estão com o álcool, percebem o quão difícil é desvencilhar-se dele, porque o alcoolismo é uma doença que caracteriza dependência física e psicológica.

Felizmente para o alcoolismo há tratamento, muitas entidades respeitáveis, tais como A.A (Alcoólicos Anônimos), Abrafam – www.drogasealcool.com.br , vem desenvolvendo largo trabalho em prol daqueles que enredaram-se pelo vício, oferecendo além de auxílio para o alcoólatra , apoio psicológico à toda família que vive o pesadelo do alcoolismo dentro do lar.

Imprescindível; O alcoólatra, ou aquele que faz abuso do álcool, tomar ciência de sua condição, admitir que isso está prejudicando-o e buscar por auxílio médico e psicológico.

Vontade extrema de modificar suas disposições íntimas.

Seguir a risca o tratamento, seja ele qual for, sem esmorecer, facilitando a desintoxicação física e psíquica.

Fortalecer-se espiritualmente, buscar os laços que religam a Deus, freqüentando a religião que mais se afeiçoar, mantendo-se em postura de confiança e oração.

Valorizar a si mesmo, tirando a idéia de que se é um peso para o mundo, cultivando a auto estima que possibilitará o florescimento do amor por si mesmo.

A família: Buscar apoio psicológico, médico e espiritual e dar todo respaldo ao afeto que enfrenta o problema do alcoolismo.

Todavia, forçoso considerar:

O melhor tratamento contra o álcool é a prevenção, um individuo com pré disposição genética e toda tendência à desenvolver o alcoolismo, só se tornará um alcoólatra se entrar em contato com o álcool.

E nesse mister, temos grande responsabilidade e cabe-nos a reflexão:

Auxiliamos de alguma forma para que se proliferem alcoólatras do futuro?

Damos às nossas crianças noções da problemática que envolve as bebidas alcoólicas?

Colaboramos para o desenvolvimento sadio daqueles que nos acompanham à caminhada?

Diante de todas essas circunstâncias, se faz imperioso que dediquemos um tempo para raciocinar em torno dessas questões.

Pensemos nisso!

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 21/08/2006
Código do texto: T221714