MUDANÇAS

PALAVRAS DE VIDA

Pr. Serafim Isidoro.

MUDANÇAS

(E o leão era um cordeiro...) – Ap. 5.5-6.

Nem sempre a força bruta, a valentia, a imponência vencem os embates da vida. A existência humana se assemelha a um palco onde os protagonistas se esforçam para fazer o melhor em uma desenfreada corrida competitiva, atropelando-se às vezes pelo caminho para a conquista do maior e do melhor. Afadigam-se procurando sobrepor obstáculos e ganhar espaço para atingir um alvo proposto.

Os aprendizes de Jesus disputavam entre si sobre qual seria o melhor. O que mais se dedicava no serviço do Mestre. E antevendo o galardão futuro, digladeavam-se indagando quem teria o lugar mais perto do Rei no Seu futuro reinado sobre a terra no período milenial. Esta a tendência natural, humana calcada em uma lógica que parece obvia. Quem não deseja crescer e ser alguém? Até que ponto seria legítimo o desejo de honra, de fama e da vangloria humana?

O Mestre diz-lhes que no reino dos céus os valores se invertem. A lógica é divina e não humana. Quem for o maior, o mais famoso, o mais rico, o mais talentoso, será o servente, enquanto os pequenos, humildes e desassistidos pretensiosamente, serão os servidos. O cristianismo – de Jesus e não o moderno – inverte alguns dos valores mais cobiçados, fazendo com que a glória seja somente de Deus. Bem-aventurados são os pitochoi – os pequenos de espírito. Os desinteressados de glórias efêmeras, mas amantes do Nome de Deus. Os que perdem a vida – ou se perdem na vida – para encontrá-la. Aqueles que verdadeiramente amam o Mestre.

O Senhor colocou entre eles uma criança, em uma didática visível e palpável, para dizer-lhes dos maiores no reino dos céus. Criança inocente do Seu tempo é obvio, quando não existia televisão, joguinhos de guerra ou computadores com internet. Criança pura despida de qualquer orgulho ou desejo de ostentação. “Se não vos tornardes como meninos, jamais entrareis no reino dos céus”, o reino do Messias.

Parece-nos antipática a retórica. A Nova Aliança é um livro, por sua vez, antiquado – de quase dois mil anos de existência – porém atual nos seus ensinos ali exarados. O Mestre é o mesmo. Não envelhece. É eterno. Suas exigências são imutáveis, independente das épocas ou dos costumes. A terra e o céu passarão, mas a palavra do Senhor permanecerá para sempre.

A liderança cristã, seja de Pedro, de Paulo ou de João, será sempre um padrão a seguir para as lideranças do cristianismo moderno. Modelo ultrapassado, para alguns, é a doutrina dos apóstolos. Mas este o paradigma pretendido por Deus e pelo autor e consumador da nossa fé. Pergunta-se se não foi o mesmo método usado quando o Senhor, Jesus, enviou os doze e depois os setenta dos Seus discípulos recomendando-lhes que não tivessem – levassem – nem bolsa, nem alforje e nem sandálias?

O auge da simplicidade, contrastada hoje com os engravatados de ternos e perfumes importados, os mais caros. De aviões, helicópteros e carros BMW. A regra hodierna se inverte, de maneira que alguns líderes não mais podem dizer: “Ouro e prata não possuímos”. E pensar que há não muito tempo criticávamos os tesouros guardados de certa religião!... Atirávamos pedras no telhado do visinho e hoje descobrimos que o nosso é de vidro. Onde os menores, onde os pequenos, onde o cristianismo?...

Só Jesus.

O Pr., Th. D. Honoris Teologia, D.D., Serafim Isidoro, oferece seus livros, apostilas e aulas do grego koinê: serafimprdr@ig.com.br