Um Presente Para Miguel Torga

Um Presente Para Miguel Torga

Ocorreu entre os dias 1 a 3 de Julho passados o Encontro Zero da Lusofonia em terras trasmontanas, mais exactamente em Murça nos dois primeiros dias e em apoteose na derradeira jornada precisamente na terra de um dos vultos homenageados no encontro; o escritor, poeta e humanista Miguel Torga.

Não tendo sido um encontro muito participado valeu pela demonstração de fidelidade, interesse e desejo de marcar presença, por um lado, e o que mais nos agrada por outro: o incentivo dos presentes em continuar a promover estes encontros. Do Zero germinou a vontade da sucessão dos algarismos na continuidade do evento, porventura e a cada encontro consequente, melhor e mais aprimorado. Assim tentaremos fazer.

Nota introdutória feita resta salientar e agradecer publicamente a excelente recepção oferecida aos participantes por parte da Associação e do Círculo Cultural Miguel Torga, pela Junta de Freguesia e pela população de São Martinho da Anta, terra natal do grande escritor.

Durante a visita guiada aos locais frequentados e familiares do Poeta, fomos brindados com narrações e testemunhos vivos pelo já nonagenário padre Avelino, amigo e companheiro de longa data em vida do escritor. Detivemo-nos no templo universitário (escola primária) dos são martinhenses e aí, numa pequena alocução, a Comissão Organizadora do Encontro Zero sugeriu entusiasmada que fosse esse o espaço destinado ao futuro Museu Miguel Torga cujo centenário de nascimento ocorrerá em 2007.

Não me compete alvitrar sobre a viabilidade da sugestão, eu que nunca fiz nada de útil na vida e penso que o homem só deve fazer a obra da qual se julga ser capaz, mas…a escola de São Martinho da Anta é um edifício centenário, térreo, sóbrio e de dimensões ajustadas para o propósito. Acresce dizer que a envolvê-lo, acompanhando todas as faces da sua forma rectangular, dispõe duma área apropriada à feitura de agradáveis espaços ajardinados: assim vejo o Museu Miguel Torga, eu sentado num banco duma das alas dos jardins temáticos apreciando a brisa vinda do Marão pouco distante…

Urge oferecer-lhe um museu e nenhuma outra data é mais simbólica que a do seu próximo centenário. Congreguem-se todas as forças em redor deste objectivo; escritores, artistas plásticos, actores, entidades públicas e privadas, todos os que promovem e amam a cultura sem excepção, para vencer obstáculos no parir célere da obra. A meu ver e unidos esforços entre os organismos coordenadores da educação e da cultura seria mais sábio edificar de raiz uma escola moderna, adaptada às necessidades futuras da educação dos jovens e aproveitar a universidade dos primeiros passos do saber dos são martinhenses, como o foi do próprio homenageado, para imortalizar a sua vida e a sua obra.

Bem-haja Miguel Torga pelo muito que nos legou.

Moisés Salgado